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Setor das rações alarmado com preços “loucos” de matérias-primas

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Setor das rações alarmado com preços “loucos” de matérias-primas

As empresas portuguesas de rações, que registavam um aumento contínuo dos custos das matérias-primas desde 2021, estão a braços com preços “loucos” face à guerra na Ucrânia e anteveem impactos em toda a cadeia alimentar. 

“Tudo o que é matéria-prima está entre o dobro e triplo de há ano e meio para cá”, alertou Rafael Neves, administrador da Ovopor, empresa dos Milagres, no concelho de Leiria, que se dedica, para além da produção de ovos, ao fabrico de ração, alimentando 600 mil galinhas. 

Administrador da empresa desde a sua fundação, em 1984, Rafael Neves assiste com alguma incredulidade aos “custos loucos” que se têm registado desde 2021. 

Se, no final de 2020, o preço dos cereais, nomeadamente o milho (fundamental para as rações), estava na casa dos 180 euros por tonelada, um ano depois já estava nos “200 e muito, quase 300”, subida explicada pelo aumento de procura com o aliviar das restrições impostas pela pandemia, o incremento dos custos logísticos, a crise energética, questões climáticas que afetaram a produção de cereais na América do Sul e ainda um abastecimento de grandes quantidades de cereais por parte da China na sua senda para ser autossuficiente na produção de carne. 

“Com esta guerra louca que vivemos, tivemos um aumento dos 200 e muito para agora estarmos no patamar de 400 e poucos euros a tonelada”, disse à agência Lusa Rafael Neves. 

Segundo o responsável da Ovopor, o setor das rações em Portugal “tem uma dependência tremenda do milho e do trigo da Ucrânia” e, durante muitos meses do ano, “grande parte do milho” consumido “é milho ucraniano”. 

“A partir do dia 24 [de fevereiro], o milho ucraniano acabou e, neste momento, é o recurso total a outras fontes de abastecimento”, frisou. 

O secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), Jaime Piçarra, afirmou que a guerra na Ucrânia apenas veio acentuar “uma crise” que o setor já vivia. 

Referiu que, em Portugal, havia uma exposição de entre 30% a 40% aos cereais produzidos na Ucrânia. 

“Esta era uma altura em que importávamos muito milho da Ucrânia e estaríamos à espera do milho do Brasil, que chega em junho. Somos obrigados – e estamos a fazê-lo – a entrar em contacto com os fornecedores para encontrar alternativas a esse milho e outras matérias-primas”, como a colza ou o girassol. 

A solução passa por “não aumentar os custos, mas assegurar ajudas para ser possível travar aumentos aos consumidores, que são inevitáveis, mas que podem ser mitigados”, frisou, realçando que o principal custo de produção de animais centra-se na sua alimentação. 

“Como temos matéria-prima como custo principal, isso repercute-se ao longo de toda a cadeia alimentar. Se não tivermos empresas viáveis e com margens capazes para sobreviver, isso será o colapso”, advertiu Rafael Neves. 


RVP/Lusa


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