O Movimento em Defesa do Hospital de São Paulo tem acompanhado a situação com muita preocupação. Desde o início do ano que as urgências têm sido intermitentes, “uns dias há medico, outros dias não há médico”, lembra Duarte Lobo, membro do grupo.
Esta semana, o Movimento já pediu a todas as entidades envolvidas no acordo de cedência do Hospital - Administração Regional de Saúde (ARS), Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e Santa Casa da Misericórdia - reuniões no sentido de perceber a gravidade da situação, quais são as “hipóteses de saída” e qual a evolução da situação.
Duarte Lobo sublinha que os cidadãos querem uma resposta total, “que a urgência esteja aberta 24 horas como deveria estar” e que o hospital deve funcionar regularmente. No entanto, a comunidade tem sido confrontada com períodos de fecho cada vez maiores.
Para o Movimento é importante garantir a cobertura deste serviço hospitalar por vários motivos, um deles pela assistência, considerando que se trata de um concelho envelhecido, assim como por se situar numa área de influência da margem esquerda do Guadiana.
Esta é uma luta que tem levado o Movimento a realizar concentrações junto ao Hospital, e agora, para além das reuniões solicitadas, estão a ser recolhidas assinaturas para uma petição, a enviar para a Assembleia da República, com o objetivo de discutir a reversão do Hospital para o Serviço Nacional de Saúde.
As dificuldades em pagar salários tem sido regulares, com atrasos que prejudicam gravemente a vida dos trabalhadores. O Movimento afirma que irá apoiar estes profissionais “tanto defendendo o seu posto de trabalho com a manutenção do hospital aberto, bem como reclamando as melhores condições para o desempenho da profissão”.
João Dias, deputado do PCP eleito por Beja, reuniu-se, quinta-feira, com a Administração Regional de Saúde e indica que a entidade também manifesta preocupação relativamente à situação do Hospital em Serpa, já tendo agendada uma reunião com a Santa Casa da Misericórdia em breve. Contudo tiveram de tomar a iniciativa de mandar retirar doentes por não estar garantida a segurança e qualidade dos cuidados.
Os problemas relacionados com a falta de pagamentos de salários tem levado os profissionais de saúde a sair da instituição e neste sentido não tem sido possível garantir o rácio suficiente, pelo menos no que respeita ao corpo clínico de enfermagem, para dar resposta aos doentes, o que levou a ARS a tomar algumas decisões, não permitindo que mais doentes sejam internados, indica ainda João Dias. A urgência também continua com dificuldades em garantir a sua abertura.
O deputado disse ainda que está programada uma reunião com as entidades que representam o Ministério da Saúde, ARS e ULSBA, com a Santa Casa da Misericórdia para perceber qual o destino do Hospital de São Paulo.
A Câmara de Serpa também tem vindo “a acompanhar com muita preocupação a evolução da situação em que são prestados os cuidados de saúde à população do concelho”, prestados pela Santa Casa da Misericórdia, não só como gestora do Hospital de São Paulo, como também gestora da valência de cuidados continuados da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas.
Reconhecendo que esta é uma das “grandes empregadoras da cidade” e que presta serviços relevantes à população, o Município de Serpa manifesta solidariedade para com os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa, “sem qualquer pretensão de intromissão” na gestão da mesma, nem coloca em causa “a competência dos seus órgãos próprios”.
Contudo, o Município apela aos órgãos da instituição para uma “rápida resolução da situação” e está disponível para procurar soluções que “salvaguardem a prestação da continuidade dos importantes serviços que são prestados à comunidade”.
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