Paulo Ribeiro, responsável artístico e ensaiador desta formação, constituída por crianças dos 06 aos 12 anos de idade, recordou à Voz da Planície que a “reorganização do grupo foi retomada 20 anos depois da sua formação inicial e dois anos depois de paragem devido à pandemia".
O ensaiador lembrou, também, que os Rouxinóis do Alentejo recriavam ciclos temáticos, com recurso a música, e que agora está de regresso com uma outra perspetiva.
Paulo Ribeiro assume que é muito compensador este trabalho com as crianças e que é um desafio perceber que o cante tem continuidade nos mais novos. Explica que com este novo formato, o grupo sai um pouco do âmbito escolar para explorar o cante a vozes, coletivo, e com repertório adequado às suas idades.
Recordamos a história dos Rouxinóis do Alentejo. O Grupo Juvenil Coral e Etnográfico Rouxinóis do Alentejo remonta ao ano de 2000, tendo sido criado na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja com o objetivo de representar Portugal num festival juvenil de música na Hungria.
Com atuações nos mais diversos pontos do País e também no exterior, o grupo teve trabalhos gravados e lançou um DVD com o Ciclo do Vinho da Talha.
Em 2018, no dia 3 de julho, foi constituída a Associação Grupo Juvenil Coral e Etnográfico Rouxinóis do Alentejo com sede no Centro Unesco. Entre os sócios fundadores desta associação destaca-se Alice Guerreiro, uma das grandes impulsionadoras do grupo e das suas dinâmicas, desde a sua génese. Falecida em setembro de 2019 foi-lhe prestada homenagem pública pelo grupo na altura da apresentação do CD “Ciclo do Vinho de Talha”, no Pax Julia - Teatro Municipal de Beja, no dia 21 de setembro de 2019.
"Fazer um concerto, simbólico, com cinco ou seis modas, ensaiadas com as crianças selecionadas nas audições é muito importante", frisou Paulo Ribeiro, explicando que "é a primeira atuação desta nova formação e logo numa data tão importante como são as comemorações do oitavo aniversário do cante como património da humanidade". O ensaiador avançou que é esperado muito público para esta atuação, principalmente de familiares, atendendo a que se está a falar de 23 crianças.
Esta é a primeira atuação, mas os “novos” Rouxinóis do Alentejo têm mais convites para concertos e vão continuar a trabalhar o cante a vozes, alargando o repertório, garantiu Paulo Ribeiro. Afirmou, contudo, que se vai ter em atenção os convites a aceder pois tratam-se de miúdos que têm outras atividades e devem ter tempo para se dedicar a todas.
Perante a data em que se celebram oito anos de cante alentejano como património imaterial e cultural da humanidade, a Voz da Planície quis saber a opinião de Paulo Ribeiro, com um vasto trabalho na promoção e preservação desta forma de cantar, sobre o seu futuro. O ensaiador considera que "o futuro do cante passa pelas crianças e jovens que perpetuam este cante, agarrando-o, conhecendo-o e perpetuando-o. Este é o melhor plano de salvaguarda do cante", sublinhou Paulo Ribeiro.
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