“O borrego está com uma procura interessante. Estamos a exportar muitos machos” e também “há uma procura maior das fêmeas no mercado interno”, disse à agência Lusa Diogo Vasconcelos, presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), sediada em Évora.
Segundo o responsável, a procura por borregos machos, que são os comprados “por Israel e por toda a bacia do Mediterrâneo”, tem sido “constante nos últimos meses” e o preço da carne destes animais tem tido “uma melhoria significativa”, rondando “os 3,50 euros” por quilo.
No distrito de Beja, a venda de borregos também tem estado a “aumentar muito” face a 2021, relatou à Lusa António Lopes, presidente do conselho de administração do agrupamento de produtores pecuários Carnes do Campo Branco, com sede em Castro Verde.
“Já devemos ir entre os 12.000 e os 15.000 borregos vendidos”, revelou, afiançando que já não é só a Páscoa a ‘agitar’ o mercado de ovinos: “Agora, é sempre época alta” para a comercialização, “porque a maior parte vai para fora”.
No Campo Branco, que abrange os concelhos alentejanos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos de Aljustrel, Mértola e Ourique, grande parte da produção também segue para Israel.
O preço por quilo tem variado entre “os 3,40 e os 3,50 euros”, uma subida que, ainda assim, “não consegue acompanhar os aumentos das rações”.
“Não estamos a ganhar mais do que no ano passado. Devido à seca, o consumo de rações aumentou de forma brutal” e “ainda hoje há animais a comer à mão”, frisou.
E tudo isto faz com que o preço da carne de borrego seja cada vez mais alto para o consumidor final que, “qualquer dia, chega ao talho e não tem dinheiro para a comprar”. Acrescentou que, “está com preços que não são para ‘a carteira’ de todos. O borrego é a ‘lagosta’ da carne e a nossa sorte é a exportação”.
O presidente da AJASUL alude exatamente ao “preço completamente desproporcional e louco das rações” e de outros fatores de produção, que corta a margem de lucro aos produtores.
“Estamos a vender borregos mais leves e que nos custaram mais dinheiro. Vendemo-los com 25 quilos, o que nos custou 20 euros, quando, no ano passado, estávamos a vender borregos com 30 quilos, que nos custaram 15 euros”, conta.
Com a seca, “tivemos que lhes dar mais ração” e, devido aos efeitos económicos da guerra na Ucrânia, esses suplementos “estão todos mais caros”, argumentou Diogo Vasconcelos, acrescentando: “Se não tivéssemos tido uma seca, nem uma guerra, estaríamos bem melhor, mas é o que há…”.
RVP/Lusa
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