O Fórum Artes e Ofícios "continua, em 2024, a explorar o território português" e escolheu o concelho de Odemira "como cenário para uma ampla programação de oficinas, exposições, sessões, performances e diversas atividades satélite". Esta iniciativa tem o seu momento alto hoje e amanhã, dias 28 e 29 de junho, com a realização do colóquio "Transmitir o Fazer", no Cineteatro Camacho Costa, em Odemira, com os "saberes ancestrais, e artesanais, no centro do debate e da criação".
O Fórum Artes e Ofícios 2024 é dedicado ao tema “Transmitir o Fazer” e está a decorrer em Odemira, depois do sucesso da passagem pelos Açores, em 2023. E é neste contexto que este concelho tem estado a acolher um conjunto de atividades focadas "na aprendizagem prática, valorização das artes e ofícios vernaculares" como meio de "transmissão do conhecimento artesanal" e com atenções centradas "no seu impacto sociocultural, e económico, para a promoção de sociedades mais equitativas e sustentáveis".
Pensado pela plataforma Origem Comum, o Fórum Artes e Ofícios 2024 está no concelho de Odemira, através da parceria estabelecida com a Câmara Municipal, e conta com a curadoria de Kathi Stertzig e Álbio Nascimento, autores da Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais – Saber Fazer, a convite do Ministério da Cultura.
No colóquio “Transmitir o Fazer”, que se realiza hoje, e amanhã, no Cineteatro Camacho Costa, em Odemira, reúnem-se artesãos, designers, agentes das indústrias criativas, profissionais, investigadores e especialistas das áreas das artes e ofícios, cultura, ensino e património.
Neste espaço de reflexão são debatidas e partilhadas ideias, e experiências, sobre a educação artesanal e práticas tradicionais. São abordadas, igualmente, questões como a produção artesanal na educação moderna, a transmissão de saber-fazer artesanal, assim como o impacto deste conhecimento ancestral no desenvolvimento humano e social, tal como explica Álbio Nascimento, curador do Fórum Artes e Ofícios 2024.
Álbio Nascimento trabalha há 20 anos a produção artesanal no contexto de transmissão do saber fazer e sublinha que "é fundamental preservar o conhecimento dos artesãos que dominam as artes ancestrais".
Falando, de novo, sobre o colóquio, Álbio Nascimento, realça o facto de nele ser debatido, também, "o conhecimento que ainda existe e como está a ser passado, no sentido de se preservar a riqueza que persiste e garantir a sua continuidade".
O Fórum Artes e Ofícios 2024 desenvolveu no concelho de Odemira, desde o início deste mês e entre outras propostas, oficinas sobre "O Cesto de Cana", com o artesão Domingos Vaz, e a "Empreitada de Palma", com a artesã Sónia Mendez, na Moagem de Sabóia. Para os curadores desta iniciativa "preservar o conhecimento do saber-fazer artesanal é uma forma de resiliência humana. É manter os sentidos acordados, tomar consciência e manter viva a ligação àquilo que nos rodeia".
A riqueza que o concelho de Odemira tem, ligada às fibras naturais, foi uma das razões que motivou a escolha deste território para a realização do Fórum Artes e Ofícios 2024, esclarece Álbio Nascimento, relevando "o contacto imediato com a matéria-prima, com as plantas, e o que as mesmas possibilitam". Acrescenta que "rapidamente se começam a entrelaçar os fios e a ver os resultados que se conseguem obter".
Hélder Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira, concelho que recebe o Fórum Artes e Ofícios 2024, frisa tratar-se de "uma parceria institucional muito forte, que pretende dar espaço àquela que é uma das grandes apostas deste território, que é a preservação, a promoção e o significado do saber fazer".
Hélder Guerreiro sublinha, ainda, que "esta é uma das maiores apostas do concelho, preservar o saber fazer, e uma das componentes mais relevantes do Plano Municipal de Cultura 2030, que a Câmara de Odemira pretende concretizar, com parcerias do território e a nível nacional. Odemira tem muito saber fazer. É uma das suas principais vocações, mais intrínseca, com mais valor. Queremos que o nosso saber fazer seja futuro".
O programa expositivo do Fórum Artes e Ofícios pode ser apreciado, em Odemira, na mostra “Produção artesanal portuguesa: a atualidade do saber-fazer ancestral” patente ao público na Biblioteca Municipal e no Espaço CRIAR, até domingo, dia 30. Promovida pela DGARTES / Programa Nacional Saber Fazer Portugal, apresenta artefactos representativos de várias matérias-primas e técnicas de todo o País.
Outras exposições incluem “Artefactos dos Açores: O Centro de Artesanato e Design dos Açores”, na Igreja da Misericórdia, em Odemira, e “Cerâmica de Odemira”, organizada pela CACO – Associação de Artesãos do Concelho de Odemira, na Olaria Municipal. Estas abrem hoje ao público, dia 28 de junho, e prolongam-se até Julho.
