A “Pesticide Action Network” (PAN), fundada em 1982, é uma rede de mais de 600 organizações não governamentais, instituições e pessoas de mais de 60 países que procura minimizar os efeitos negativos dos pesticidas perigosos, e substituí-los por alternativas ecologicamente corretas e socialmente justas. A PAN Europa foi criada em 1987 e reúne 38 organizações de consumidores, de saúde pública e ambientais, entre outras.
Segundo o documento divulgado por esta rede, as maçãs e peras portuguesas estão no segundo lugar do “ranking” da maior proporção de frutas contaminadas em 2019. Em 85% das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos.
A nível da União Europeia, segundo o estudo, as taxas de contaminação tanto para maçãs como para peras, duplicaram entre 2011 e 2019.
Salomé Roynel, da PAN Europa, disse, citada no comunicado que os consumidores estão numa “posição horrível”, porque são aconselhados a comer fruta fresca, “grande parte da qual está contaminada com os resíduos de pesticidas mais tóxicos ligados a graves impactos na saúde”.
“É claro para nós que os governos não têm qualquer intenção de proibir estes pesticidas, independentemente do que diz a lei. Têm demasiado medo do lobby agrícola, que depende de produtos químicos poderosos e de um modelo agrícola obsoleto”, acrescentou.
Os autores da análise salientam que “tem havido um aumento dramático de fruta vendida ao público com resíduos dos pesticidas mais tóxicos que deveriam ter sido banidos na Europa por razões de saúde”.
Foram analisadas 97.170 amostras de variedades populares de fruta fresca cultivada na Europa, demonstrando um aumento de 53%, em nove anos, da frequência de amostras contaminadas com os piores tipos de pesticidas.
A PAN Europa nota que tem vindo a aumentar a possibilidade de os consumidores comprarem não só frutas e vegetais contaminados, como essa contaminação conter combinações químicas que multiplicam os riscos para a saúde. E dão como exemplo desses “cocktails” químicos os encontrados nas peras cultivadas em Portugal.
Citando a indústria do setor que argumenta que não há alternativas aos pesticidas, a PAN Europa aponta técnicas de agricultura biológica para controlar pragas. E acusa os governos de protelar a proibição de determinadas substâncias para proteger os interesses da agricultura intensiva usando produtos químicos.
© 2024 Rádio Voz da Planície - 104.5FM - Beja | Todos os direitos reservados. | by pauloamc.com