"Tudo isto coincide com o período de apresentação da proposta de Orçamento de Estado para 2025, cujo conteúdo importa analisar duma forma realista e contribuir nas suas fases de discussão para que possam ser claramente assumidos (e depois cumpridos) os compromissos de investimentos que são fundamentais para a nossa região.
Mas vamos por partes. Comecemos pela questão das obras (necessárias, imprescindíveis e continuamente prometidas e adiadas) de ampliação do Hospital de Beja. Há referência no Relatório do orçamento e passo a citar o que nele se escreveu “o Governo em 2025 adota as diligências necessárias para assegurar os procedimentos para a construção e equipamento de infraestruturas hospitalares”. Estamos no domínio das diligências e dos procedimentos, não estamos no domínio do início da construção, até porque o processo relativo ao projeto não está concluído. E deixo o desafio para que alguém possa identificar qual é o montante e a rubrica orçamental onde consta a verba para esta obra? E também o desafio para que prossigamos a luta para que a obra se torne uma realidade.
E quanto à eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja não há qualquer referência no Relatório. E o que foi recentemente anunciado pelo presidente da CCDR Alentejo, não foi que ia ser lançado o concurso para a realização da obra, mas sim que ia ser aberto o aviso no âmbito do Alentejo 2030 para que a empresa Infraestruturas de Portugal se possa candidatar para obter o correspondente financiamento. Aqueles que distraidamente ou intencionalmente falam já do breve início das obras estão a enganar-se a si próprios ou querem enganar os outros. Mas o que importa é continuar a lutar para que a obra se concretize o mais rapidamente possível, inclua a ligação ao aeroporto, continuando também a luta pela reativação da ligação ferroviária entre Beja e a Funcheira.
Mas dir-nos-ão que não são apenas promessas em termos de mobilidade, pois vão iniciar-se as obras de qualificação do IP8 em dois troços no distrito de Beja. Ora bem. É um facto que vamos ter obra. Mas de que se trata. É o IP8 com 4 vias entre Sines e Vila Verde de Ficalho com concretização faseada que se vai iniciar? Nada disso. Sublinhando o facto positivo de se
construírem as variantes a Figueira de Cavaleiros e a Beringel, o resto é uma intervenção de qualificação da estrada, mantendo as duas vias, e deixando para as calendas gregas a concretização do IP8 que deveria contribuir para alavancar o desenvolvimento da região. E que também aqui devia incluir a ligação ao aeroporto. Mas a luta pelo IP8 com 4 vias em toda a sua extensão tem de continuar, bem como a luta pela beneficiação geral das vias rodoviárias, incluindo a criação de uma linha de apoio financeiro às autarquias para as estradas e caminhos municipais.
Mas todos estes anúncios demonstram que estamos perante obras cuja necessidade é sentida pela região. E que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Ou seja, vale sempre a pena lutar e o que se conseguir não é mais do que o resultado dessa luta. Para que aos anúncios se siga a realização.
Por isso, com ou sem orçamento aprovado, o que importa é continuar a reclamar a resposta às necessidades de investimento do distrito, exigir a promoção do seu desenvolvimento, pugnar pela criação de condições para a melhoria da qualidade de vida de quem aqui persiste em viver e aqui quer trabalhar. Numa região que queremos com futuro, numa região que sempre foi lutadora, é essa a obrigação que temos.
Outubro de 2024"
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