Com o propósito de manter a dignidade do edifício sede da Santa Casa da Misericórdia de Beja, o antigo Hospital de Nossa Senhora da Piedade, o provedor da instituição revelou que "está em curso um conjunto de projetos para devolver à cidade, e concelho, a fruição deste património, assim como outras riquezas da sua história, que guarda e que pretende expor."
No início, realçou o provedor João Paulo Ramôa, "a ideia passava por requalificar e tornar visitável o Museu da Farmácia, mas depois percebeu-se que se poderia ir mais além, repensando, também, a utilização de todo o edifício, onde está a Botica. Perspetivas que se sabe levarão tempo, mas que urgem ser feitas pois o edifício teve uma grande intervenção há 20 anos, na cobertura, e depois disso nada mais". Ou seja, sublinhou, "está tudo a ser pensado em termos globais e estruturais, sem pressas".
"Quanto ao Museu da Farmácia, o projeto está agora a começar e o estudo prévio está aprovado. Tornar este espaço visitável é o propósito, principalmente se for tida em conta a sua excelente localização. Está a 50 metros do Castelo e à mesma distância da Praça da República de Beja", deixou claro João Paulo Ramôa.
"A ideia é, ainda, poder vir a expor toda a riqueza documental que se possui. Esta possibilidade passará por revelar a história do edifício, e da Misericórdia, desde 1564 e até à data", avançou o responsável.
Perspetivas a ter em atenção para o rés do chão do edifício da Santa Casa da Misericórdia de Beja, foi realçado pelo provedor.
Um Arquiteto, um historiador, um museólogo e uma restauradora/conservadora são os profissionais que integram a equipa que está a pensar o Museu da Farmácia e a trabalhar a sua requalificação e visitação.
Foi Renato Neves, coordenador da equipa projetista, que explicou o que se pretende para este espaço, frisando tratar-se de "um projeto complexo".
O nome vai ser “Botica Núcleo Museológico” e nele vão ser expostos "testemunhos materiais que podem ajudar a interpretar a prática médica e rampas com vitrines, com os objetos para serem apreciados. Vai ser aumentado o espaço de exposição e melhorado o espaço exterior onde podem ser colocadas, e algumas até já existem, plantas ligadas às farmácias", avançou Renato Neves.
Ninguém conhece a data do início da utilização deste espaço como farmácia, mas sabe-se que a sua primeira boticária foi uma mulher, Isabel Lopes, outra curiosidade da "Botica" da Misericórdia de Beja.
Mas o Museu da Farmácia tem, também, particularidades que muito o enriquecem, nomeadamente "pinturas murais, na capela que o recebe, a Capela de São Marcos ou da Portaria. O espaço está recheado de pinturas de várias épocas, dos séculos XVI e XVIII e de talha dourada, e pintura mural, do século XVII. E tudo isto vai ser preservado e requalificado", esclareceu Sandra Alves, a conservadora/restauradora responsável.
Este espaço tem, igualmente, "pormenores arquitetónicos que remetem para o manuelino, uma pintura mural no arco e parede do século XVI, uma pintura do arco triunfal, cruz templária, pináculos dourados, um retábulo tardo-gótico, brasão real e inscrições em latim alusivas à saúde, logo de grande riqueza e dentro de um edifício classificado como monumento nacional", foi lembrado durante a apresentação destas perspetivas no dia da abertura, em Beja, do Encontro da Associação Portuguesa de Museologia, no passado dia 23 de setembro.
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