“A ideia é aproveitar as novas vozes que temos, para as registar ao lado daqueles que ainda conseguem dar de si ao grupo, mas que já estão com uma idade avançada”, explicou à agência Lusa Filipe Pratas, presidente da Associação de Cante Alentejano (ACA) Os Ganhões de Castro Verde.
Segundo este responsável, de 46 anos e que canta no grupo “há cerca de 20”, o novo trabalho do grupo alentejano será composto, sobretudo, por modas que este nunca gravou.
“Há gente a escrever algumas coisas, mas nem sempre se tem gravado ou tentado lançar novas modas para o reportório alentejano”, justificou.
O grupo coral Os Ganhões de Castro Verde nasceu em 1972 e, desde então, nunca mais parou, sendo hoje um dos mais conhecidos em todo o país e até no estrangeiro.
“Quando se fala d’Os Ganhões há uma história com 50 anos por trás”, daí a “obrigação que Os Ganhões do presente” têm de “continuar a manter firme o grupo” e “representar bem o cante alentejano”, disse Filipe Pratas.
Para o presidente da associação, uma das “marcas distintivas” do grupo tem sido a sua capacidade de “quebrar barreiras” e inovar, através dos trabalhos gravados e de colaborações com Dulce Pontes, Ricardo Ribeiro ou, mais recentemente, Napoleão Mira.
“Tudo isto leva a que o grupo continue a manter o seu nome num patamar de algum reconhecimento”, até “porque estas experiências artísticas nos levam por outros caminhos e a outros públicos”, frisou.
Na opinião de Filipe Pratas, esta faceta “demonstra também a capacidade que o grupo tem de se abrir a novas formas de mostrar o cante alentejano”.
“Porque o importante é termos noção que se podem fazer coisas bonitas e interessantes sem desvirtuar aquelas que são as características do cante e sem termos medo desses desafios”, afiançou.
O cante alentejano, canto coletivo sem instrumentos, é Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 27 de novembro de 2014.
Os Ganhões de Castro Verde ensaiam uma vez por semana e contam, atualmente, com quase 30 elementos, que “vão dos 80 aos 16 anos”, até porque, nos últimos tempos, tem-se verificado a entrada de alguns jovens na sua formação.
“Ultimamente, os jovens de Castro Verde – que também estão ligados ao universo da viola campaniça – abraçaram esta forma de cantar e têm dado contributos muito importantes para o grupo, até a começar ‘modas’ ou a fazer o ‘alto’”, revelou Filipe Pratas.
Estes jovens “têm dado uma nova energia e sentimos que o grupo agora está mais dinâmico”, acrescentou.
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