“Aquilo que fazemos é o mapeamento de um património musical do mundo contemporâneo e lutamos pela inclusão no circuito de música ao vivo dos artistas de várias geografias periféricas e de culturas muitas vezes esquecidas”, defendeu Carlos Seixas.
O diretor artístico e programador do festival falava durante a apresentação oficial da 22.ª edição do FMM, que se realizou na aldeia de Porto Covo, em Sines.
O alinhamento de “qualquer festival é mais do que um catálogo do que vamos ver e ouvir. É também a ressonância de um dos maiores problemas da música ao vivo: a contínua secundarização da igualdade e da diversidade das mulheres e das minorias”, disse.
Crítico em relação “à hierarquia na indústria da música” no Ocidente, onde considerou que não existe “renovação” e “coragem para introduzir diversidade”, o diretor artístico lamentou o facto de “nunca se ter em conta o nível de criatividade, da experiência e da influência das mulheres”.
O festival, que o responsável disse ter como missão “juntar as velhas e as novas gerações da música de todos os continentes em viagens diárias de felicidade e de luta”, vai contar, este ano, com 46 concertos de artistas de quatro continentes.
No regresso aos vários palcos do concelho, os promotores querem reforçar a visibilidade das artistas mulheres e “o seu contributo real para a música à escala planetária”, com uma forte presença do continente americano.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, saudou a preocupação do diretor artístico em garantir “a igualdade de género” na programação do festival que, “ano após ano”, tem vindo a tornar-se “cada vez mais inclusivo, mais participativo e muito abrangente”.
No entender do autarca, a decisão de realizar o FMM, após dois anos de paragem devido à pandemia de covid-19, é uma “aposta ganha”, apesar de continuarem “a existir preocupações” devido à elevada incidência de casos.
No entanto, garantiu, no decorrer do evento, será dada “muita atenção às questões da segurança” para que o “festival seja um êxito”.
“Era muito importante voltar a retomar a nossa atividade, não apenas cultural, como também ajudar o comércio, restauração e hotelaria, e nada melhor do que ter um festival em Sines e Porto Covo para que esse objetivo” seja alcançado, referiu.
De acordo com a organização, o festival deste ano, que vai juntar “artistas de 27 países e regiões”, regressa “alinhado com os princípios de representatividade geográfica, estética e cultural que o orientam desde a sua origem”.
Ava Rocha, Bia Ferreira, Letrux e Marina Sena (Brasil), Ana Tijoux e Pascuala Ilabaca (Chile), Queen Ifrica (Jamaica), Omara Portuondo e Daymé Arocena (Cuba) e Dominique Fils-Aimé (Quebeque) são algumas das presenças confirmadas no festival.
O FMM vai decorrer, de 22 a 24 de julho, em Porto Covo, onde estão agendados 12 concertos, mudando-se depois para Sines, de 25 a 30, onde o público poderá assistir a 34 concertos, divididos pelos palcos do Castelo, Centro de Artes de Sines e Avenida Vasco da Gama.
Além dos concertos, o FMM Sines inclui um programa de iniciativas paralelas, com concertos especiais, exposições, conferências, sessões de contos, encontros com músicos e escritores, masterclasses, cinema, visitas guiadas, feira do livro e do disco, espetáculos para a infância e ateliês para crianças.
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