O cante ao baldão é uma das práticas de desafio cultivadas em algumas freguesias rurais dos concelhos do distrito de Beja de Ourique, Almodôvar, Castro Verde e Odemira.
Terá começado a ser praticado a partir de finais do século XIX no concelho de Odemira, estendendo-se entre os anos 40 e 60 do século XX a algumas freguesias dos concelhos vizinhos, nomeadamente Ourique e Castro Verde.
5Um desempenho de baldão (“um cante ao baldão”) envolve quatro a dez cantadores e um público conhecedor das regras de construção poética e do contexto social dos intérpretes. Reúnem-se em locais e ocasiões determinados, como tascas, cafés, festas, romarias e feiras. O elemento central no desempenho é o afundamento, um assunto em torno do qual se desenvolve uma disputa poética cantada, utilizando uma melodia fixa e um acompanhamento harmónico realizado por um tocador de viola campaniça. Numa ocasião performativa, os cantadores sentam-se à volta de uma mesa, com bebidas e petiscos para as pausas.
6A componente poética (cantiga) corresponde a um texto versificado, criado no momento do desempenho. Nos textos ocorrem dois tipos de discurso: a “discussão de um afundamento”, debate sobre um assunto selecionado pelos cantadores; “fazer cantigas uns aos outros”, crítica recíproca entre cantadores.
Estas tradições têm sido revitalizadas graças ao esforço de associações e autarquias e ainda à vontade dos cantadores e tocadores.
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