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Sociedade

Exposição sobre mineiros de Aljustrel já recebeu mais de mil e 700 visitas

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Exposição sobre mineiros de Aljustrel já recebeu mais de mil e 700 visitas

Francisco Zarco, designer gráfico e um dos oito elementos da Comissão de Aljustrelenses que trabalhou na conceção da exposição "100 anos: do Fundo à Superfície" , falou com a Rádio Voz da Planície sobre a mostra, inaugurada no passado dia 1, que já recebeu mais de mil e 700 visitas.

Assinalou-se um século da greve de 1992 em outubro passado e, para elevar a importância desta data, procurou-se homenagear os mineiros de Aljustrel, bem como esta luta, tendo em conta que foi a greve mais longa da luta dos mineiros, por melhores condições de vida e de trabalho. Teve uma duração de quatro meses. É uma greve que foi muito pouco divulgada e valorizada ao longo do tempo, no entanto, é considerada como um “ato heroico” por parte destes trabalhadores, que merecia uma homenagem, sublinha o responsável.

É a partir deste ponto que foi desenvolvida para esta exposição uma visita a toda a luta dos mineiros, desde este período (1922) até aos dias de hoje, uma vez que a vida dos mineiros de Aljustrel, durante este tempo todo, foi “uma vida muito rica” no que se refere a lutas por melhores salários e condições de vida, até pela própria liberdade antes do 25 de Abril.

“Por essa riqueza tão grande e que existe na história dos mineiros, nós achámos que a partir dessa greve de 1922 faria muito sentido percorremos este período todo e valorizarmos o trabalho, a vida, e a luta dos mineiros de Aljustrel”, destaca Francisco Zarco.

A longa greve de 1922 revestiu-se de ações verdadeiramente solidárias por todo o País. Neste período, Francisco Zarco explica que a vida era extremamente miserável, os mineiros tinham salários muito baixos e, com a greve, sem receber, a miséria e a fome alastrou-se por toda a vila.

Houve uma grande campanha de solidariedade desde o início, quer a nível local com os comerciantes e agricultores da altura (que mais tarde foram proibidos de continuar a ajudar), quer a nível nacional e até internacional.

Os sindicatos e as pessoas organizavam eventos desportivos e culturais, recolhiam dinheiro e enviavam para os mineiros, face às grandes carências de alimentação e dificuldades que tinham. Até para receber filhos de mineiros que estavam em greve foram feitos esforços pela sociedade, em muitos pontos do País. As crianças, diz Francisco Zarco, estiveram nas casas de famílias de acolhimento durante cinco meses e voltaram depois de terminada a greve.

Para Francisco Zarco, a greve era muito pouco conhecida e estas memórias vão-se perdendo, para além disso, assinalou-se um século desta luta considerada heroica. O objetivo foi criar uma exposição de evocação digna da história de luta dos mineiros de Aljustrel.

A exposição tem sido um êxito, uma vez que no espaço de cerca de três semanas foi visitada por mais de mil e 700 pessoas. Tem sido valorizada e enaltecida por quem a visita, e tem recebido muitas turmas de escolas, não só de Aljustrel, bem como outros grupos.

Paralelamente, têm sido desenvolvidos um conjunto de debates e estão ainda previstos novas conversas aos sábados, até 4 de dezembro, último dia em que se pode visitar a exposição.

No dia 3 de dezembro irá ter lugar uma sessão de teatro com uma peça original sobre esta temática, no Cine Oriental de Aljustrel, e no dia seguinte há espetáculo musical, de vídeo e bailado. Ambos os espetáculos já estão esgotados, o que demonstra que a exposição tem tido muita procura e a Comissão congratula-se pelo sucesso desta iniciativa.

A exposição conta com o apoio da Câmara Municipal de Aljustrel, das Juntas de Freguesia do concelho, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, da Almina-Minas do Alentejo, da Fiequimetal, da Rádio Telefonia Local de Aljustrel (TLA), do Museu do Aljube, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), do Grupo de Estudos do Partido Comunista Português (PCP) e da União dos Sindicatos de Beja.


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