“[Na quarta-feira à tarde] Fomos contactados pela GNR [para informar] que umas pessoas tinham encontrado, na estrada que vai para a ermida, três sacos de plástico, daqueles do lixo, que tinham lá dentro os objetos furtados” disse à agência Lusa o padre Luís Fernandes.
Da Ermida de São Pedro das Cabeças, o objeto “mais irreparável” que havia sido furtado era o sino em bronze, do século XVII ou XVIII, segundo o pároco de Castro Verde.
Outros dos objetos foram “imagens populares, de pouco valor, que se podem comprar em Fátima”, porque “já há muito tempo” que foi retirada a arte sacra das ermidas mais isoladas da zona para evitar os furtos, tinha já explicado o pároco, em declarações à Lusa, no dia 10 deste mês.
Na altura, a paróquia apresentou queixa na Guarda e fonte do Comando Territorial de Beja da GNR confirmou à Lusa essa mesma queixa por furto na ermida, limitando-se a adiantar que os factos iriam ser comunicados ao Ministério Público e que o caso seguiria para investigação.
Após o aparecimento dos objetos furtados, o padre explicou que já se dirigiu ao posto da Guarda e verificou o conteúdo dos sacos. “Agora, temos que esperar porque, como está [o processo] no Ministério Público, os objetos ainda demoram algum tempo a serem entregues”, especificou.
Segundo o pároco Luís Fernandes, “o furto terá ocorrido na madrugada de 08 para 09 de agosto”, já que disse ter recebido “uma informação de uma pessoa que tinha estado na ermida antes e tudo estava lá”.
O sino “foi quebrado quando foi arrancado” da ermida, ficando partido “entre o cabeçalho e a parte do bronze”, o que significa “um prejuízo à volta dos 500 ou 600 euros, sem falar no restauro”, pelo que esse é o montante mais significativo.
“Algumas imagens também estão partidas, mas sobretudo o que isto nos leva agora a fazer é uma reflexão séria sobre como fazer com as ermidas que estão espalhadas pelo território mais rural”, admitiu o pároco.
De acordo com a Câmara de Castro Verde, o sítio de São Pedro das Cabeças é “uma referência na historiografia portuguesa como local da Batalha de Ourique, no século XII” e um “local de forte importância histórica para o concelho”.
A lenda conta que D. Afonso Henriques defrontou, em 25 de julho de 1139, nos então chamados “Campos de Ourique”, um vasto exército comandado por cinco reis mouros e, após a vitória, os seus soldados levaram-no a autoproclamar-se Rei de Portugal.
O sítio de São Pedro das Cabeças é um dos locais onde a Câmara de Castro Verde promove, anualmente, em julho, iniciativas para comemorar o aniversário da Batalha de Ourique.