“No momento em que arranca a COP27, o nosso planeta está a enviar um sinal de sofrimento”, afirmou Guterres, citado pela agência de notícias AFP, referindo-se a uma situação “crónica do caos climático”.
A conferência climática da ONU arrancou dia 5, em Sharm el-Sheikh, no Egito, com um novo alerta sobre a aceleração do aquecimento global, cujo financiamento dos danos a países pobres está pela primeira vez, oficialmente, na lista dos debates.
Segundo dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), os oito anos entre 2015 e 2022 serão os mais quentes já registados.
Até 18 de novembro, delegados de quase 200 países tentarão dar um novo fôlego à luta contra o aquecimento global, enquanto as múltiplas e inter-relacionadas crises que abalam o mundo - guerra na Ucrânia, inflação e ameaça de recessão, crise alimentar - levantam receios de que o tema vai ficar em segundo plano.
“Vamos implementar juntos [os nossos compromissos] para a humanidade e para o nosso planeta”, apontou o ministro egípcio Sameh Choukri, que preside à cimeira.
Os impactos das alterações climáticas têm-se multiplicado, como mostram os diversos desastres que atingiram o planeta em 2022, desde as inundações históricas no Paquistão, às repetidas ondas de calor na Europa, além de furacões, incêndios, ou secas.
Os custos daqueles desastres já rondam as dezenas de milhares de milhões de euros, pelos quais os países do sul do globo, mais afetados, reivindicam uma compensação financeira.
O tema delicado das “perdas e danos” foi oficialmente adicionado à agenda das discussões, durante a cerimónia de abertura, enquanto até então era apenas objeto de diálogo previsto até 2024.
“O sucesso ou fracasso da COP27 será julgado [conforme se alcance ou não] um acordo sobre este mecanismo de financiamento de perdas e danos”, alertou Munir Akram, embaixador do Paquistão na ONU e presidente do G77 + China, que representa mais de 130 países emergentes e pobres.
A desconfiança dos países em desenvolvimento é forte, enquanto não se cumpre a promessa dos países do norte de aumentar para 100.000 milhões de dólares por ano, a partir de 2020, a ajuda aos do sul, para reduzirem as emissões e se prepararem para os impactos.
Outra questão premente nas discussões prende-se com evitar um recuo nos compromissos de redução de emissões, que, mesmo assim, ainda são insuficientes.
Apenas 29 países apresentaram planos de redução aprimorados desde a COP de 2021, em Glasgow, na Escócia, embora tenham assumido o compromisso de o fazer.
Decisores políticos, académicos e organizações não-governamentais reúnem-se até 18 de novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito, na 27.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas (COP27), para tentar travar o aquecimento do planeta, limitando o aquecimento global a 2ºC (graus celsius), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.
Líderes como o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmaram a presença, e o Governo português vai ser representado pelo primeiro-ministro, António Costa.
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