Segundo o presidente da Casa do Alentejo, João Proença, será um ano inteiro de atividades, que tiveram início no passado dia 26, com a apresentação da comissão de honra, com gastronomia regional, cante alentejano e a divulgação de um DVD com uma breve história da instituição.
No dia 10 de junho, em que se assinala formalmente a fundação da Casa do Alentejo, está prevista uma sessão solene, mas, ao longo do ano, será lançado um livro sobre o centenário, inaugurada uma escultura do escultor alentejano Jorge Pé Curto, exposições de fotografia e pintura e espetáculos.
As iniciativas têm o alto patrocínio da Presidência da República e da comissão de honra fazem parte mais de 100 personalidades, como historiadores, músicos, escritores e empresários, e entidades como a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, e outras autarquias alentejanas.
A Casa do Alentejo foi planeada por comerciantes, farmacêuticos, homens dos ofícios, como barbeiros, que tinham vindo do Alentejo para Lisboa.
A formalização como associação aconteceu em 10 de junho de 1923. Funcionou primeiro em Alcântara, depois no Bairro Alto e ocupou em 1932 o edifício que ainda é a sua sede de hoje, na Baixa de Lisboa.
Ao longo dos 100 anos, a Casa do Alentejo teve escola, posto médico, sapataria, barbearia, “foi onde muitos se conheceram e casaram”, já que “as casas regionais serviam mesmo para isso: dar apoio a quem chegava de Évora, Beja ou Elvas” e a quem os que já estavam instalados em Lisboa iam encontrando soluções, nomeadamente de emprego.
A associação comprou o edifício em 1982, iniciando um longo e oneroso processo de recuperação do palacete, que pertenceu aos condes de Alverca e foi o primeiro casino de Lisboa, antes de os jogos de fortuna e de azar terem sido proibidos por Salazar, em 1928, disse João Proença.
João Proença assegura que, apesar da recuperação, mantém-se no palacete muitos dos elementos de há 100 anos.
“Este pátio, estes salões, foram mesmo salas de jogos e salas de diversão. O casino tinha uma sala de festas que é o salão principal. Ainda hoje nós temos aqui algum mobiliário dessa data, mesas e cadeiras que acompanharam o jogo”, disse, salientando que, apesar da proibição, continuou a haver jogos até 1976/1977 na Casa do Alentejo, que funcionava como um clube privado, onde se entrava por conhecimentos e através de convites.
Segundo João Proença, com o 25 de Abril a instituição abriu-se e teve “uma explosão”, chegando a ter mais de 3.000 sócios. Os jogos foram então proibidos, passando a existir mais atividade cultural, mas, tal como então, continua a ser preciso ser alentejano para se ser sócio dirigente, com o objetivo de “manter a ligação à região”.
“Desenvolveram-se os grupos corais aqui, os bailes também nunca deixaram de existir, mas tiveram outro significado e passaram a ser todas as semanas ao domingo, [destacaram-se] a apresentação de livros e de mostras de artesanato e as autarquias do Alentejo passaram a vir muito mais à Casa do Alentejo. Neste ano em que estamos, nós prevemos que mais de metade dos municípios vão estar aqui na Casa do Alentejo”, disse, destacando que para fevereiro está prevista a feira do Queijo de Serpa e uma iniciativa da Câmara de Montemor-o-Novo.
Depois de dificuldades sentidas durante a pandemia, em que esteve fechada por dois períodos e teve de recorrer a ajuda da banca e aos apoios do Governo, a instituição está ainda a pagar dívidas, mas “a funcionar normalmente”, assegura o presidente, tendo em permanência uma venda de artesanato, um restaurante e uma taberna, com gastronomia regional.
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