A audiência nesta Comissão Parlamentar foi conduzida pelo seu presidente, Pedro do Carmo, e também deputado do Partido Socialista (PS), eleito por Beja.
“Trata-se de um bloco de rega de três mil e 900 hectares, de pequena dimensão, que atravessa os territórios de Cabeça Gorda e Trindade, no concelho de Beja. Deste total, mil e 730 hectares são de área regada precária, mas continuam a faltar terminar os restantes”, explicou no parlamento a agricultora Paula Mira, acompanhada pelo também agricultor António Joaquim Rodeia, ambos “com explorações na zona não regada”, esclareceram.
Nesta audiência, Paula Mira começou por referir que “foi criado um grupo de agricultores, na mesma situação”, que, tal como ela, “foram contactados e assinaram papéis com promessas relativamente a este bloco de rega. Já lá vão cinco anos”, sublinhou, “e as respostas, assim como a água de Alqueva continuam a faltar”.
Paula Mira esclareceu que “a zona” em que estes dois agricultores têm as suas explorações “não é nada” e que “é difícil praticar agricultura em sequeiro entre Beja e Mértola, território onde as alterações climáticas se fazem sentir”. Neste contexto deixou claro que “é difícil continuar a atividade nestas condições” e que “a água de Alqueva é necessária para produzir e contribuir para a emergência alimentar”. Terminou, dizendo que “pouco falta” e que “é preciso terminar este bloco de rega para bem do território e do País”.
António Joaquim Rodeia também interveio. “Foram criadas expetativas e até à data, apesar de se terem pedido esclarecimentos à Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), assim como à Câmara de Beja, continua-se sem saber como está a situação”, reforçou o agricultor no parlamento.
A Voz da Planície falou com a EDIA e o presidente do Conselho de Administração, José Pedro Salema, esclareceu que “este bloco de rega não avançou, nem vai avançar para regadio”.
José Pedro Salema revelou que esta possibilidade esteve em cima da mesa “em 2015/16” e que as situações “hoje não são as mesmas daquela altura”.
O presidente do Conselho de Administração da EDIA clarificou. “Há uma área importante que já beneficia da água do Alqueva e quando se equacionou terminar a restante, a EDIA deparou-se desde logo com um problema pois estava perante um terreno classificado, no Plano Diretor Municipal (PDM) de Beja, como agrosilvopastoril e isto significa que não pode ser convertido para regadio”.
Depois, clarificou, ainda, José Pedro Salema, “o aumento significativo dos custos de produção e o pacote de expansão do regadio do Alqueva não permitiram o avanço de determinados projetos. Ou seja, a EDIA teve de escolher, deixando projetos para trás, nomeadamente os que estavam mais verdes, como é o caso deste, que não tinha passado da avaliação de impacto ambiental”. Deixou claro que “este bloco de rega não avançou e nem está previsto ser terminado.”
© 2024 Rádio Voz da Planície - 104.5FM - Beja | Todos os direitos reservados. | by pauloamc.com