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Tara Perdida e os 27 anos de uma "Vida Punk"

Tara Perdida e os 27 anos de uma "Vida Punk"

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Corria o ano de 1995 quando quatro amigos, apaixonados pelo punk rock, se juntaram no Bairro de Alvalade, em Lisboa, para darem corpo às canções que tinham criado. Assim nasceram os Tara Perdida, numa altura em que este género era rei, e conquistaram de imediato um largo público que ainda hoje lhes é fiel. "Vida Punk" é o melhor resumo de 27 anos de uma das maiores histórias da música portuguesa.

O momento mais marcante destes 27 anos foi, certamente, a perda de João Ribas, vocalista desde a fundação dos Tara Perdida, que faleceu no dia 23 de março de 2014. Ao longo dos anos, a composição da banda foi-se alterando, até chegar aos dias de hoje, em que Ruka, guitarrista e também membro fundador, agarrou no microfone com a mesma garra de 1995, mas agora com a sapiência de um músico experiente.

Nesta nova formação os Tara Perdida decidem olhar para o presente e futuro de uma forma objectiva e real, regalando-nos com um disco ao qual chamaram "Vida Punk", não fosse essa a essência destes 27 anos, que conta com vários temas incontornáveis na história do punk nacional, como "Nasci Hoje", "Desalinhado", "Fizeram-se Amigos" e "Lisboa": um best of gravado agora com a voz pujante de Ruka. Este é um retrato da longevidade e da actualidade da banda nacional, no qual, além dos clássicos, está incluído um inédito chamado "Bairro de Alvalade", que nos transporta para o sítio onde tudo começou e traz uma mensagem de garra e perseverança de quem sabe de onde veio e para onde vai.

Sobre o novo tema, Ruka conta-nos que "aborda os grandes tempos passados no Bairro onde o sonho começou, onde tudo aconteceu a mil à hora, quando não existiam telemóveis nem internet e a rua e os amigos eram a nossa casa mãe. Achámos que seria perfeito para colocar no best of e a cereja no topo do bolo, e o nosso João Ribas estaria orgulhoso com esta música. Tempos que não voltam, é certo, mas hoje fazemos o passado do amanhã, continuamos a sonhar, hoje em dia mais conscientes, mas sempre sonhadores".

A primeira paragem desta viagem foi no Lisboa Ao Vivo (LAV) dia 11 de Março, numa sala esgotada para um concerto repleto de clássicos, que foram cantados em plenos pulmões, numa energia contagiante, muito "mosh" e gente genuinamente feliz. Não houve descanso para o medidor de decibéis, nem mesmo num dos momentos mais marcantes da noite, em que "Lisboa" teve início só com Ruka na voz e Vasco Pimentel no piano, aos quais se juntou um coro de mais de mil pessoas em uníssono e, por fim, os demais elementos da banda.

Já não estamos em 1995, é certo, e os Tara Perdida mostram-nos tudo o que isso tem de bom: a vivacidade e a determinação dos amigos que queriam tocar as suas canções continuam intactas, mas o passar dos anos trouxe-lhes a sabedoria e o primor que os inscrevem na História como um dos mais soberanos nomes do punk rock Português.

O álbum "Vida Punk" conta com o apoio do fundo cultural da Sociedade Portuguesa de Autores e chegou hoje às lojas e a todas as plataformas digitais.

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