foto: Sara Tavares / DR

"Não era jovem, mas era. Com 45 anos ainda se pode ser muito jovem, claro que pode! Não era suposto ser já, pois não? É injusto.", foram algumas das frases que me vieram logo à cabeça quando ouvi a notícia. Ao mesmo tempo, fui recordando as últimas canções, os originais "Grog D'Pilha", "Presensa", "Momentu" e "Kurtidu", bem como a participação no tema de Moullinex, "Minina Di Céu", ou em "Fidje de Sol", de Silk Nobre, duas músicas onde se ouve, perfeitamente, a nova fase de Sara Tavares bem como a sua versatilidade, mantendo sempre o seu registo vocal único.

Agora, não é apenas um "resta-nos recordar", mas sim uma certeza de que vai estar sempre presente na nossa emissão, com a sua voz e as suas canções, desde o primeiro momento onde encantou também com o seu sorriso e simplicidade no concurso Chuva de Estrelas, em 1994, enquanto cantava "One Moment In Time", de Whitney Houston. Foi a primeira de muitas conquistas e a segunda não tardaria a chegar, com a vitória no Festival da Canção no mesmo ano, onde interpretou "Chamar a Música".

Mas, a sua raiz cabo-verdiana veio, naturalmente, a tomar conta da sua voz e das suas canções e "Mi Ma Bô", o disco editado em 1999, marca essa viragem que nos mostra a sua verdadeira alma de artista.

O último álbum de originais em 2017, "Fitxadu", foi nomeado para Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa. As últimas canções poderiam estar a formar o quinto disco, mas não havia ainda certezas de nada, provavelmente porque Sara não queria programar demasiado o seu tempo, não deixando de trabalhar na sua maior paixão, até que lhe foi possível.

Sara Tavares faleceu aos 45 anos no Hospital da Luz, em Lisboa, depois de uma longa luta contra um tumor no cérebro, que lhe foi diagnosticado em 2009.