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No regresso dos Peste & Sida, “Não Há Pão” mas há Rock'n'Roll

No regresso dos Peste & Sida, “Não Há Pão” mas há Rock'n'Roll

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Os veteranos PESTE & SIDA estão de regresso com NÃO HÁ PÃO, um álbum com “10 chapadas musicais” e referências a outros grandes nomes do som nacional, entre eles Zeca Afonso. O disco ideal para um natal alternativo.

A surpresa da chegada deste novo disco dos PESTE & SIDA foi grande e mais ainda porque vem acompanhada de uma declaração certeira dos próprios e que diz “de 1986 até hoje, tudo mudou...para ficar cada vez mais na mesma. PESTE & SIDA, 36 anos no lombo, um álbum novo, grito contra as novas pragas que se vieram juntar às de sempre: NÃO HÁ PÃO, mas há Rock'n'Roll!”.

O percurso dos PESTE & SIDA sempre foi feito a chamar “os bois pelos nomes” e a mostrar que a canção continua a ser uma das melhores formas de crítica e combate. Mas, não é tudo, pois às palavras da banda, junta-se um texto do multifacetado Filipe Homem Fonseca que também diz tudo sem rodeios sobre os músicos, a sua missão, este novo disco e todos os que nele estiveram envolvidos. Texto esse que partilhamos mais à frente na íntegra.

A verdade é que os PESTE & SIDA sempre foram assim e ainda bem. Se mudassem é que soaria estranho. E o som também não mudou. Está lá tudo aquilo que sempre os caracterizou como uma das bandas mais punk dentro do panorama rock nacional. Um som consistente, cru e que mostra uma banda mais madura e mais dura, nunca perdendo o lado irónico e festivo.

Das 10 músicas, 7 são completamente originais e todas com títulos bem sugestivos: “Não te Cures (Que Não é Preciso)”, “O Típico Zé Tuga”, “Equilibrista (E Eu Ralado…)”, “Prescrição do Dr. Peste & Sida”, “Funky Do Desconfinamento”, “Abaixo de Zero” e “Mandem Mais Rock’N’Roll”. Depois há espaço para celebrar as influências e prestar-lhes a devida homenagem. Em “E Tu, Vem Daí”, podemos ouvir um excerto de “Vem Daí”, original dos NZZN (1982) e as duas versões que completam o alinhamento, são os clássicos “Só Ouve Brado da Terra”, de Zeca Afonso (1974) e “Beco Sem Saída”, de Sílvio César (1971).

E agora, as palavras de Filipe Homem Fonseca: “a estupidificação alimentada pelas redes sociais e amplificada pelos "merdia" (ou será viceversa?) é combustível para o incêndio contemporâneo. Quando a luta pela sobrevivência é a única pinga do quotidiano, está na hora de beber de outras fontes. Diz a iliteracia popular que "em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão". É bem capaz de não ser assim: se NÃO HÁ PÃO, é porque alguém lá fora nos anda a ficar com a farinha toda. NÃO HÁ PÃO para malucos, e os "malucos" estão fartos de não ter o dito.

Banda sonora da acção e da reacção contra o desgoverno que deixa as classes mais desfavorecidas à mercê das vontades dos anafados do costume, NÃO HÁ PÃO traz 10 chapadas musicais a serem devidamente distribuídas pelos focinhos das elites vampirescas, e celebradas pela comunidade PESTE & SIDA, círculo de amigos de ontem, de hoje e de amanhã.

O álbum foi co-produzido por Emanuel Ramalho, histórico do pop-rock tuga (Faíscas, Corpo Diplomático, Street Kids, Rádio Macau, Delfins e muitas outras bandas). Tendo já produzido o LP "Portem-se Bem” e o Maxi single "Reggae Sida" (1989), o LP "Eles Andam Aí" (1992), o LP "Não Há Crise", e o registo "Ao Vivo no RCA" (2015), o Emanuel tem uma percepção objectiva de quem são e de como querem soar os Peste & Sida. As gravações tiveram início em Dezembro de 2021 com a captação das baterias na sala de ensaio na Arruda-dos-Vinhos; baixos, guitarras, vozes e metais foram gravados ao longo do ano 2022 no estúdio "Aqui Há Gato", com a pandemia a condicionar datas, mas os Peste a serem mais teimosos que a Covid.

NÃO HÁ PÃO é luta e é festa, para a qual foram convidados músicos com fortes laços de amizade com a banda. Juntam-se à pândega Freddy Locks e Johnnie Simbiose, com quem João San Payo e Ricardo Barriga partilham palco nos Rosa Sparks. Presentes estão também o trompetista Ricardo Pinto e o saxofonista Gonçalo Prazeres, sendo que este último vai dirigir o reforço da banda com uma dupla de saxofones em palco.

O grafismo do álbum é da autoria da Inês San Payo, linguagem de uma nova geração a trazer frescura aos maduros, e as fotos são fruto do profissonalão Jorge Buco, amigo e cúmplice de longa data.”

NÃO HÁ PÃO já está disponível e aqui fica "Não te Cures (Que Não é Preciso)", a primeira das “10 chapadas musicais” deste novo álbum dos PESTE & SIDA.

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