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Luca Argel está de regresso com "Sabina"

Luca Argel está de regresso com "Sabina"

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Dois anos depois de apresentar "Samba de Guerrilha", Luca Argel está de regresso às edições com "Sabina", o quarto álbum de originais, onde recupera e homenageia a história e o mito de uma quitandeira que foi símbolo da persistência do racismo após a abolição da escravatura e exemplo da solidariedade de rua que, historicamente, o enfrentou. "Peça desculpas, Senhor Presidente" e "Gémeos", são duas das canções deste disco, que já se podem ouvir na Rádio Voz da Planície.

O novo álbum combina sonoridades afro-brasileiras eletrificadas, que piscam olhos ao rock, ao funk e, é claro, ao samba, que Luca Argel e a sua banda já tinham virado do avesso em "Samba de Guerrilha". Igualmente carregado de poesia e mensagens, "Sabina" é, contudo, o trabalho mais solar e dançante que o cantautor luso-brasileiro já concebeu até hoje. Palavras e sons são louvação e feitiço, alimento para o corpo e a mente. Um álbum que nasce da encruzilhada onde o mito e a história se encontram, resgatando o passado como projeção de todas as lutas do presente.

"Sabina" relembra a história de uma mulher de cuja vida se sabe pouco mais além do que aconteceu num espaço de poucos dias, quando subitamente se tornou um símbolo político para depois desaparecer e voltar como lenda. Sabina teria sido uma vendedora de laranjas num momento histórico de um Brasil recém libertado da escravatura e às portas da queda do regime monárquico. No meio de uma disputa entre elites imperiais e republicanas, uma simples vendedora de laranjas fez esse caldo entornar pelas ruas da capital do então Império do Brasil. Assim começa esta viagem pelo tempo, seguindo o rasto de uma personagem misteriosa, cuja lenda revela muito sobre a nossa própria natureza e as engrenagens que movem as nossas sociedades.

Se, em "Samba de Guerrilha", Luca Argel resgata a história política do samba, dos seus protagonistas e do papel preponderante que desempenharam na luta contra a escravatura, o racismo, a pobreza e a ditadura militar, em "Sabina" o foco é dirigido ao "corpo encantado das ruas" e aos atores e atrizes da vida quotidiana onde a história se desenrola, constrói e disputa para lá das narrativas oficiais.

"Sabina", como personagem e lenda das ruas, é símbolo das tensões da pós-abolição e do racismo que se lhe segue, e ao mesmo tempo um exemplo de uma solidariedade popular pouco estudada e relatada, mas que marca indelevelmente o rumo das sociedades em que vivemos. Quem narra os acontecimentos é o historiador brasileiro Luiz Antonio Simas, a quem a atriz luso-angolana Nádia Yracema, cúmplice de Luca Argel no espetáculo "Samba de Guerrilha", empresta a sua voz.

A viagem sonora pela aventura de "Sabina" será editada em vinil, cd e plataformas digitais, amanhã, 22 de Fevereiro, complementada por uma edição em banda desenhada, ilustrada pelo artista brasileiro Allan Matias. Este novo trabalho de Luca Argel é apresentado ao vivo em Março, dia 23 no B.Leza em Lisboa e dia 26 no Novo Ático - Coliseu do Porto.

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