foto: Sebastião Ferreira

Oito anos depois da consagração do cante, enquanto Património Cultural Imaterial, muitos grupos corais nasceram, outros renasceram e alguns, infelizmente, extinguiram-se. Motivos? Vários. Talvez o mais pesado tenha sido mesmo a pandemia, que condicionou todas as vidas e, consequentemente, as das muitas pessoas que fazem parte desta longa história. Mas, também os apoios são limitados e tendo em conta que cada grupo coral é composto nalguns casos por mais de 20 elementos, aqui começa uma das principais condicionantes, a malfadada logística. E, por isso, porque é longa esta história e cada um terá a sua versão, apenas podemos dizer que todos merecem um enorme reconhecimento pela paixão, dedicação e todo esforço, por vezes maior do que as próprias forças o permitem, para levar até onde for possível, aquele que é o maior tesouro vivo da cultura alentejana.

Um dos coletivos que mais se destaca nesta longa história, é o Grupo Coral e Etnográfico Os Camponeses de Pias. Fundado em 1968, este grupo tem um legado precioso que tem sido partilhado, não apenas na terra que viu nascer os seus elementos, mas por todos os locais por onde já cantaram as muitas modas que fazem parte do seu vasto repertório. Naturalmente, também já dele fizeram parte várias gerações de cantadores, mais velhos e mais jovens, todos cantando em harmonia pela mesma causa, manter viva a chama do cante. E têm conseguido, mesmo nos momentos mais difíceis nos quais o cante quase caiu no esquecimento, tornando-se atualmente numa referência incontornável que já ultrapassou muitas fronteiras e superou muitas condicionantes. Neste caso, também agora repartem algum desse mérito com Paulo Ribeiro, o conhecido músico, que é também ensaiador de grupos corais, que em 2018 os desafiou a entrar numa nova aventura, sem nunca imaginarem que os poderia levar até onde têm ido ultimamente.

Nasceu “É Assim...Uma Espécie de Cante” e é aqui que tudo se transforma numa simbiose perfeita entre a espetacular homenagem a muitos compositores de referência da música portuguesa e a referência maior da cultura do Alentejo. Ao mesmo tempo, criou-se uma nova forma de ouvir o cante e de ouvir alguns clássicos escritos por compositores bem conhecidos e entre eles está o nome de Pedro Abrunhosa.

Daqui até aos palcos partilhados entre todos, Os Camponeses de Pias, Paulo Ribeiro e Pedro Abrunhosa, aconteceu tudo muito rápido, mas foi um novo rumo abraçado calorosamente por todos. Depois de terem atuado em Luxemburgo, Paris e Bruxelas, terminando o mês de outubro numa atuação memorável com lotação esgotada, no passado dia 29, no Pax Julia, em Beja, hoje, 11 de Novembro, sobem ao palco da emblemática igreja que se transformou também numa sala de espetáculos, a Union Chapel, em Londres.

O Paulo Ribeiro esteve à conversa connosco e contou-nos como tudo aconteceu.