imagens: Dino D'Santiago / DR
Com uma carreira absolutamente ímpar, Dino D`Santiago continua a impactar na sociedade portuguesa nos últimos anos. Com o álbum “Mundu Nôbu” (2018), o artista português diferenciou-se pela abordagem única entre a expressão crioula e a eletrónica que predomina no álbum. Seguiram-se “Kriola” (2020) e “Badiu” (2021), que em conjunto com uma digressão nacional, projetaram Dino como um dos mais relevantes símbolos culturais de Portugal.
”(...) A análise académica de textos e contextos, das formas e significados "crioulos" da obra de Dino D'Santiago, cruzando entrevistas, análise biográfica à luz dos fenómenos migratórios, análise de expressões musicais e respetiva projeção mediática, levada a cabo por Catarina da Silva no âmbito do Mestrado em Estudos Africanos sintetiza estas novas correntes de escrita académica. E fá-lo numa abordagem que promove, na academia, a análise de expressões culturais enquanto agentes de interação, crítica e analítica, com temas candentes das heranças culturais de uma África que se tornou global, quer pelos fenómenos migratórios, quer pelas formas sincréticas de produção cultural (neste caso musical) de que os crioulos dão prova”, palavras da Profª Drª Amélia Polónia, presidente do Júri e Docente do Departamento de História, Estudos Políticos e Internacionais, da Faculdade de Artes da Universidade do Porto.
“O desenvolvimento e a defesa pública da Dissertação de Mestrado sobre Dino D'Santiago por parte de Catarina da Silva assinalou um momento emblemático e um marco crucial para a linha de investigação que tenho vindo a desenvolver na Universidade do Porto - desde 2011 - em torno da música popular urbana. E isso deve-se a três razões principais: porque a obra de Dino permite discutir - de forma brilhante - as mudanças nas identidades portuguesas contemporâneas; porque a performance e obra de Dino D'Santiago permitem um avanço teórico fundamental na análise sociológica das cenas musicais – locais, translocais, virtuais e afetivas; porque o Dino permite a validação e a resignificação de linguagens urbanas até então desclassificadas, criadas muitas vezes em contextos periféricos, segregados e guetizados. Trata-se de uma proposta assente na mistura, na diversidade, na participação, na colaboração. Mas é também um projeto de visibilidade, de reparação e de representação. A presença de Dino é uma dimensão fundamental da cultura portuguesa hoje. E talvez não exista estratégia mais consequente do que usar a música como forma expressiva de exibir essa presença e de pensar sobre a negritude - não como um Outro -, mas como corpos dançantes criativos envolvidos em práticas de criação, de produção e de divulgação cultural. E aí, não dá mais para parar de dançar! E também de investigar! E no passado dia 9 de novembro foi isso que aconteceu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto”, escreveu a orientadora da referida Dissertação, Drª Paula Guerra, Professora do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Entretanto, Lisboa e Porto vão receber a celebração dos 10 anos da edição de “EVA", o primeiro álbum de Dino D'Santiago, que sobe ao palco do Tivoli BBVA, em Lisboa, no dia 24 de Novembro, e a 6 de Dezembro apresenta-se na Casa da Música, no Porto, para duas noites únicas e especiais, com as canções do seu registo de estreia e com um olhar sobre o passado, presente e futuro. Dino D’Santiago apresenta o disco na íntegra, juntando-lhe novas roupagens para as inesquecíveis "Nos Tradison", "Pensa na Oji", "Ka bu Txora", "Djonsinho Cabral", original dos lendários Tubarões. A noite conta também com a estreia da curta-metragem "Eva, onti y oji", um documentário realizado por Chris Costa que vai transportar o público para os locais e pessoas presentes na criação do álbum “EVA”, em 2013.
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