“A Azenha” é uma viagem sensitiva a um sítio no Alentejo, onde viveram o escultor Jorge Vieira e a escultora Noémia Cruz, na casa onde, diz-se, D. João I tinha uma amante. Fala de amores cósmicos e intuitivos em sítios a que todos pertencemos, na terra ou no espaço, de dia ou de noite, das impossibilidades do amor e das estranhas condições em que ele decide acontecer. No fim, as nossas casas são onde amamos.
foto: gnration
A Cláudia e o Rui, amigos há 20 anos, casados há 10, juntaram-se para falar desse amor, na história de outros que acaba por ser também a sua. Inspirados nas personagens de Jorge Vieira, a guitarra de Filho da Mãe casa-se com as imagens de Cláudia Guerreiro.
A Cláudia pinta, cria cenários de cor e papel, usa figuras de papel em jeito de marionetas e movimenta luz num vidro, que é filmado e projetado. A guitarra do Rui é a voz da história. Tudo em tempo real.
E a sinopse do concerto diz que “onde o Sol e a Lua se conheceram. Foi no Alentejo, na Azenha. No meio da planície, no meio da trovoada e dos meteoritos. No meio da luz e da escuridão, das estrelas e dos pássaros. Daí nasceram um touro e um escorpião, apaixonados como a Lua e o Sol, sem perceberem que eram do mesmo sítio, da terra. Pode dizer-se que, a certa altura, era o Sol que andava à volta da Lua, como se o Sol fosse a Lua e a Lua a terra. Entre o Touro e o Escorpião restava a dúvida de como se resolvia isto da Lua e do Sol. O que se vê de noite não coincide com a luz dos dias e a dor dos cornos não se compara à do ferrão.”
Cláudia é sobrinha de Jorge Vieira e Noémia Cruz e foi na casa onde viveu o casal e que inspirou "A Azenha", que a ilustradora, o guitarrista e o filho de ambos, passaram a viver durante a pandemia. A respirar um ambiente repleto de história, com o Alentejo a envolvê-los e a interrogação no futuro, surge a inspiração para transformar num concerto, este projeto que começou por ser um livro.
Relembramos que Jorge Vieira nasceu a 16 de novembro de 1922, faz hoje exatamente 100 anos, e que inserida também nestas importantes comemorações, foi inaugurada no passado mês de outubro, no Centro de Arqueologia e Artes de Beja, a exposição dedicada à figura do touro na obra de um dos mais importantes escultores do século XX. As marcas que deixou na cultura portuguesa são referências no mundo inteiro e algumas podem ser vistas nesta mostra, que ficará patente ao público até março de 2023, bem como as que estão expostas no Museu Jorge Vieira, tudo com visitas guiadas e entradas gratuitas durante o dia de hoje.
"A Azenha" é uma excelente proposta para a noite de amanhã, 17 de novembro, no Pax Julia, Teatro Municipal de Beja, a partir das 21h.
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