Apesar de terem morado no mesmo prédio, no bairro do Leblon, Bernardo encontrou-se poucas vezes com Camelo no Rio de Janeiro. Anos depois, mesmo radicados em Lisboa, os dois só se reuniram quando surgiu a ideia de convidar o vocalista dos Los Hermanos para produzir o novo álbum. "Consegui o contacto do Camelo, contei a ele sobre o novo projeto e ele topou na hora, e ainda disponibilizou o seu estúdio, o Estrela, para gravarmos", conta Bernardo.
Na primeira visita ao estúdio, Bernardo Lobo mostrou uma pré-seleção de canções inéditas. "Mostrei 16 músicas para o Camelo escolher oito, e pedi que ele selecionasse as que ele achasse mais comunicativas. Quando ele retornou com a lista dele, era quase igual à minha".
As oito canções que fazem parte de "Bons Ventos", trazem parcerias de Bernardo com compositores diversos. Tiago Torres da Silva, poeta português que já compôs com Ivan Lins e Francis Hime, aparece em três inéditas. "Postei uma música minha nas redes sociais e o Tiago fez contacto pra dizer que tínhamos que compor em parceria. Passei a mandar melodias pra ele e acabamos por fazer umas 10 músicas juntos", lembra Bernardo. Uma delas é "Vai e vem", melodia de Humberto Araújo e Bernardo Lobo, para a qual o português escreveu a letra, que faz uma analogia entre o samba e o fado.
"D.R." é uma parceria bem humorada com Nelson Motta, que fala sobre as discussões que rondam sobretudo as relações amorosas: "O Nelsinho eu conheço desde criança. Um belo dia ele me ligou e disse 'Bena, tá na hora de sermos parceiros'. Em seguida me pediu pra mandar três melodias, ele escolheria uma para fazer a letra e mandar para a minha mãe, Wanda Sá, que estava gravando um disco à época. O mais engraçado é que eu sempre tenho melodias guardadas, mas quando o Nelsinho falou comigo eu estava envolvido com outras coisas, não andava compondo muito. Como não poderia deixar de atendê-lo, fui para o violão e fiz três músicas em dois dias! É uma honra pra mim ser parceiro do Nelson Motta", pontua.
Já Edu Krieger e Moyseis Marques são parceiros antigos. Com Krieger, Bernardo compôs "No Leblon": "Já tínhamos feito essa canção há muito tempo, agora era a hora de gravá-la". O samba com Moyseis chama-se "Arrebentação" e também estava guardado no baú de inéditas.
Com Mú Chebabi, Bernardo compôs a faixa que abre o disco, "Do Rio de Janeiro". "O Mú é um grande amigo, além de parceiro. Ele passou uma temporada morando comigo, em Lisboa, e a gente compunha todos os dias. Fizemos cerca de 20 músicas nesse período. Essa tem uma história curiosa: o Mú refez a segunda parte da letra, que falava na África, tema que pode ser muito sensível, e eu adorei o resultado. Ela fala do Rio de Janeiro e de Lisboa, as duas cidades que eu amo. Ficou linda", finaliza Bernardo Lobo.
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