São 16 anos de um dos eventos culturais mais carismáticos da cidade e um dos pilares da Arruaça, pelo qual já passaram muitos nomes do panorama musical alentejano, mas não só. Chegou a acontecer em duas partes, sexta e sábado, devido ao número de participações de bandas e artistas que eram convidados pela organização e outros tantos que faziam questão de entrar neste evento, que se caracteriza também pelo convívio muito próximo entre músicos e público. Este é um festival que sempre soube manter o seu principal objetivo, abrir portas a novos projetos musicais, em especial aos que não têm acesso facilitado aos palcos, mas também aos que já tenham muita rodagem e que simplesmente queiram fazer parte da festa.

Apesar das contrariedades da pandemia, houve uma 15ª edição especial que encheu a emblemática sala da Oficina Os Infantes, e agora que era suposto regressar então à sua versão pré-pandemia, levando até à Casa da Cultura de Beja mais um bom grupo de músicos unidos em vários projetos com as mais diversas raízes e influências e que partilham o mesmo objetivo com a Arruaça, manter vivo o Festival de Bandas e a casa onde sempre aconteceu, a celebração vai ter de passar novamente para o espaço que acolheu, e muito bem, a edição anterior.

Mas, o comunicado deixado pela Arruaça no facebook, mostra bem o desalento da associação por ter de alterar tudo "tão em cima da hora" e não conseguir o objetivo de voltar ao espaço onde festejaram o festival durante catorze anos. "A Arruaça tem pela Casa da Cultura um amor indiscritível. É a “nossa” casa! Acolheu catorze edições do Festival de Bandas de Beja e tudo fizemos para que acolhesse a XVI edição. Lamentavelmente, e considerando as condições a que chegou aquele espaço e as condições climatéricas atuais, não é possível realizarmos o FBB na nossa casa de sempre", é a mensagem partilhada pela organização que faz ainda um agradecimento "à Câmara Municipal de Beja e ao Presidente Paulo Arsénio o esforço pessoal para que a realização do evento fosse possível na CC." Fazem ainda um "aviso" e um desabafo, dizendo que "desta vez não será possível, mas deixamos o “aviso” - não desistimos da Casa da Cultura! E não estamos dispostos a fazer parte do esvaziamento daquela casa. Continuaremos, inabaláveis, na convicção de que a cultura alternativa em Beja pertence àquele espaço e que a resolução dos graves problemas do edifício não pode continuar a ser protelada, ainda que não possam ser todos resolvidos de uma só vez. Assim, vemo-nos obrigados a alterar o local do evento que se realizará na Oficina Os Infantes a quem agradecemos a disponibilidade de nos acolher tão em cima da hora!" Completam informando também que "por razões pessoais, o Curt Disu cancelou a sua atuação."

No entanto, a celebração vai acontecer e o rock tem as habituais presenças de peso. Pelo palco d'Os Infantes vão passar Amy R, que se estreou no Beja Pride II, evento também organizado pela Arruaça este ano, e os repetentes e já bem conhecidos Culatra, Us Murhaça e Pandemónio, projeto de Paulinho, músico dos Supporting, ex-Crise Total, Gazua, Kamones, M.A.D., Jardim Do Enforcado e Spitzbuben). O rap e as suas influências vão ter também grande representação nesta edição com Podolsky, e os WTDPG que editaram em 2021 o primeiro disco intitulado "Paz & União". Os estreantes são o coletivo Saiming & Jovens Shaves.

A grande celebração do XVI Festival de Bandas de Beja, acontece este sábado, não com o desejado regresso à casa de origem, a Casa da Cultura, mas num outro espaço emblemático da cidade e já com larga experiência em eventos desta dimensão. A abertura de portas da Oficina Os Infantes é às 21h30, para que o público possa ir aquecendo o espaço e o espírito, e a entrada, mantendo a tradição do festival, é de donativo livre.

fotos e vídeos: DR