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Aldina Duarte tem novo disco "Metade-Metade"

Aldina Duarte tem novo disco "Metade-Metade"

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Aldina Duarte e Capicua, fado e poesia, juntam-se num novo trabalho discográfico intitulado "Metade-Metade". A fadista diz que neste disco "o amor romântico não é o tema, mas sim o amor universal" e assegura que "a linguagem e o léxico que a Capicua acrescenta aos fados tradicionais, não existia”. "Araucária" e "Aprendiza" são duas das propostas de "Metade-Metade" que já podem ser escutadas na Rádio Voz da Planície. O disco está disponível em vinil, CD e nas plataformas digitais e será apresentado ao vivo no Coliseu de Lisboa, no dia 17 de Abril.

Foto: Isabel Pinto

fotografia: ©Isabel Pinto

Nas palavras de Aldina Duarte, "este disco é uma declaração de amor à natureza, à liberdade e à poesia. E, também, uma grande incerteza sobre o futuro da Humanidade; a urgência de nos reencontrarmos com a nossa forma de inteligência comunitária, de reaprender o nosso lugar no planeta, (mudando a visão antropocêntrica danosa), temos de nos salvar de nós próprios: o corpo humano não aguenta temperaturas acima dos 50° e não sobrevive sem água, por exemplo. Não é o planeta que tem de ser salvo é a espécie humana. Não somos feitos para a virtualidade ou para a solidão, precisamos dos outros para nascer, crescer e morrer. O sentimentalismo e a censura em vez da solidariedade e da coragem é uma desvalorização do melhor que somos capazes: pensar, sentir e criar. O dinheiro em vez do poder do conhecimento. A fama em vez da competência. A consciência em vez da negação.

Este é o meu primeiro disco em que o amor romântico não é o tema, mas sim o amor universal, sendo, também, um manifesto político e social: os velhos são a esperança, enquanto espelhos de superação de guerras, doenças, ditaduras, muitas fomes e frios, com quem temos de aprender, as crianças, o futuro ameaçado, numa civilização consumista decadente que precisa de avançar quanto antes para uma civilização ecológica, mais igualitária, justa e digna para todos.

Graças ao talento enorme de Capicua, que inventou uma nova linguagem poética, um léxico nunca antes cantado nas melodias do fado tradicional, sendo que a seu pedido ensinei-lhe todas as regras da escrita para todas as estruturas do espólio do Fado Tradicional, incluindo dois fados com estruturas irregulares, tendo nós afinidades políticas e artísticas profundas, tive oportunidade de cantar temáticas muito diversas, inovadoras no meu repertório pessoal e no reportório fadista. Enquanto intérprete, descobri novos registos vocais, arrisquei arranjos e sonoridades improváveis. Tendo estes poemas de Capicua nascido de melodias antigas do fado, este disco nasceu literalmente da poesia e da música da palavra, um por um; cada fado tem, conforme a mensagem e a poesia que lhe dão forma, o silêncio, a melodia, o ritmo, o som, a interpretação vocal e instrumental a servi-lo inteiramente. Música, fotografia e grafismo, tudo e todos quisemos ser parte desta declaração fadista de amor à natureza, à liberdade e à poesia."

E, de forma perfeita, Kalaf Epalanga descreveu o disco num texto que acompanha a nota de imprensa, onde começa por questionar "o que é ser fadista? No caroço desta "Metade-Metade", assim como nas ruas labirínticas de Lisboa, onde o toque melancólico da guitarra portuguesa se entrelaça com as almas daqueles que as vagueiam, a resposta, tal como uma sombra, escapa à definição. Mas, se nos deixarmos envolver por ela, na voz de Aldina Duarte, uma fadista de profundidade incomparável, encontramos um sussurro de compreensão.

"Metade-Metade" é um testemunho do poder transformador da arte e do entrelaçar de almas na busca pela verdade do poema que nunca é absoluto; quando é bom, abre mais janelas do que fecha. A história deste álbum é feita de aprendizados, da poeta Capicua, que descobre novos sentidos para quintilhas, sextilhas, alexandrinos, versículos e da fadista que lhes empresta a voz – Aldina, a guardiã do templo.

Reconhecemos, que Capicua, a rapper, sempre foi uma contadora de histórias da mais fina estirpe, isso já sabíamos. Aqui, nesta "Metade-Metade", ela se revela uma poeta cuja proeza narrativa infunde nova vida/palavras nesta tradição secular, e só o fado, e só Aldina, poderiam tornar cantáveis palavras como "Araucária", "Adraga" e "Lajes Oblíquas". A essência da arte de Aldina Duarte nesta "Metade-Metade" reside na fluência sem esforço da poesia e melodia, onde cada palavra e nota são meticulosamente elaboradas para evocar o ethos assombroso do fado. A sua voz, uma rara mistura de inteligência e emoção, serve como meio através do qual as histórias da vida, com todos os seus desafios e tribulações, são transmitidas. Os arranjos instrumentais do disco, embora subtis, são igualmente impactantes, acentuam a paisagem emocional de cada verso e nos guiam através das narrativas tecidas pela finesse poética de Capicua.

Através desta "Metade-Metade", Aldina Duarte não apenas reafirma o seu lugar no panteão das grandes fadistas, mas também nos convida a testemunhar o renascimento do fado através da lente da poesia contemporânea, urgente e necessária, que não deixa de colocar em primeiro plano feminismo, ecologia, equidade, democracia e o espírito de Abril. Aqui, no delicado equilíbrio entre o velho e o novo, encontramos a essência do que é ser uma fadista. E isso não são palavras minhas; já foi reconhecido em Aldina, por isso repito, pois lhe admiramos a coragem de acreditar na poesia e o poder de fazer os outros acreditarem consigo."

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