Cedo, os Xutos & Pontapés deixaram de ser apenas uma banda de culto para subirem ao pódio dos mais requisitados para os grandes concertos. São também uma das bandas com muitos dos seus discos entre os mais vendidos em Portugal e a proeza começou exactamente com "Circo de Feras", o álbum editado em 1987, e que os levou para o lugar que bem mereciam.

Uma história de 44 anos de rock, não é fácil de construir e manter, mas os Xutos & Pontapés souberam viver todos os momentos, mesmo os mais conturbados, com uma humildade exemplar que se espelha nas suas vidas e as canções, maioritariamente feitas de uma sonoridade e rebeldia únicas, transformaram-se em verdadeiros hinos para muitas gerações. O álbum "Cerco" de 1985, foi marcante na viragem de uma página que, canção a canção, mostrava uma banda ainda a amadurecer, mas que já sabia bem que destino seguir. O percurso estava traçado e não fugiram dele para se tornarem mais visíveis. Mantiveram a atitude e tudo acabou por acontecer naturalmente. Desse disco, musicas como "Homem do Leme", "Barcos Gregos", "Conta-me Histórias" e "Cerco", começaram a ouvir-se nas rádios diariamente e a captar cada vez mais a atenção dos media e também novos seguidores.

Os Xutos souberam moldar bem e à sua imagem, um lugar na música nacional cada vez mais exigente. "Circo de Feras" é um bom exemplo disso mesmo e de como uma canção, que é quase uma balada, datada de 1987, consegue continuar a entranhar-se e a conquistar corações ainda hoje. Depois, complementado com um bom lote de outras músicas intemporais, como "Não Sou o Único", "N'América", "Contentores" e "Vida Malvada", o álbum tinha todos os ingredientes para se tornar num dos melhores discos da história do rock português.

É impossível ficar indiferente à energia contagiante de uma formação que pouco se alterou desde o início e, deste emblemático quinteto, apenas Zé Pedro não está hoje em palco, mas é como se estivesse, porque Tim, Kalu, João Cabeleira e Gui, garantem que Tó Trips,  músico convidado, sabe reviver na perfeição, as guitarras que eram tocadas pelo guitarrista e fundador da banda, que faleceu em Novembro de 2017.

Os Xutos & Pontapés são uma enorme família que abraça uma legião de fãs de norte a sul do país e tantos outros espalhados pelo mundo. Todas as gerações os admiram e cantam as suas canções. Já são veteranos e, pode dizer-se, residentes na Ovibeja, por isso, hoje estão de regresso a um palco que bem conhecem. A noite promete muitas emoções, alegria, energia e uma grande dose de rock à boa maneira dos Xutos, a partir das 22h30 no grande palco da 39ª Ovibeja.