Com um vasto trabalho realizado com várias escolas no âmbito do programa de educação para a saúde, é responsável pelo projeto Control Talk, dedicado ao esclarecimento a jovens na área da sexualidade.
Escreveu dois livros, um sobre a sexualidade feminina e o outro focado na questão da educação sexual para jovens, este último intitulado “Chamar as Coisas pelos Nomes – Como e Quando Falar sobre Sexualidade”.
É, ainda, coautora do livro “A Viagem de Peludim”, também centrado na temática da educação sexual, mas desta vez orientada para as crianças mais novas.
Quisemos saber, se, de acordo com a sua experiência de trabalho com crianças, teremos, no futuro, mulheres mais conscientes: “trabalhamos com meninas a questão do empoderamento e do conhecimento do seu corpo, para lhes promover o que chamamos de autonomia corporal, porque sabemos que, durante muito tempo, as mulheres tiveram muita dificuldade em conhecer o corpo devido à falta de ensinamento e conhecimento”, refere esta psicóloga.
Estes projetos, integrados na Educação para a Saúde – o Descobre o teu corpo ou outros relacionados com a puberdade – desenvolvidos nas escolas, têm vindo a criar mais conhecimento junto das meninas, e que estas “olhem para o seu corpo com um outro potencial. Faz com que fiquem mais informadas e mais esclarecidas e portanto acredito que estamos a criar algo positivo”, destaca.
A educação para a sexualidade é, na opinião de Vânia Beliz, muito influenciada por fatores políticos, pelo que se registam muitos avanços, mas também retrocessos, em especial quando “surgem movimentos mais conservadores”. Esta psicóloga confessa que ainda existem muitos obstáculos nesta área, nomeadamente professores que “não querem trabalhar estes temas por acharem que não estão preparados”, e famílias a oporem-se ao ensino de determinadas temáticas.
A exposição das crianças a determinados conteúdos, sem controlo parental, nomeadamente “a conteúdos altamente erotizados”, é uma realidade, seja nas redes sociais a que têm acesso, seja na televisão ou em outros meios. Pelo que, caso não se tenha uma “abordagem formal” a determinados temas, "está-se a comunicar sobre o assunto de uma forma que as crianças não compreendem e sem enquadramento”.
É fundamental apoiar as famílias a desconstruir estas ideias que chegam às crianças de várias formas, mas em especial a avançar no sentido de reduzir a “falta de literacia nas questões digitais” das famílias, que leva a que as crianças fiquem expostas as conteúdos nocivos e desapropriados, sem controlo e sem qualquer explicação ou enquadramento.
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