As revelações foram divulgadas no Livro Branco Mais e Melhores Empregos para os Jovens, através do estudo da Fundação José Neves, pelo Observatório do Emprego Jovem e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para Portugal.
Uma das grandes conclusões deste estudo é a de que há "desfasamento entre as expectativas dos jovens e as oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho, que impacta a satisfação e realização pessoal com o emprego".
Apesar do nível elevado de qualificações, o emprego jovem em Portugal "continua a ser de baixa qualidade", uma tendência acentuada durante as crises económicas, sendo a vulnerabilidade do emprego dos jovens, mesmo dos mais qualificados, também verificada na transição para o mercado de trabalho, indica o estudo.
Esta evolução negativa explica-se, em parte, segundo o relatório, pela percentagem de trabalhadores jovens (15-24 anos) com contratos a termo certo, de 53,9 por cento em 2021, e pelo facto de, durante a pandemia, ter havido elevada destruição deste tipo de emprego, sobretudo na hotelaria e restauração.
Por outro lado, as medidas do Governo para contrariar os efeitos da pandemia, como o “lay-off” simplificado, "incentivaram as empresas a não despedir trabalhadores, mas não asseguraram que estas renovavam os contratos temporários", pode ler-se no Livro Branco.
Para os autores do Livro Branco, "a articulação entre sistema de ensino e mercado de trabalho deve ser uma prioridade, nomeadamente através do reforço e diversificação das ofertas formativas, mas também através do envolvimento dos empregadores na comunicação e no desenvolvimento de competências procuradas".
O coordenador do Observatório do Emprego Jovem e professor no ISCTE, Paulo Marques, afirma que "melhorar a qualidade do emprego jovem requer acelerar a modernização da economia portuguesa, tornando-a mais especializada em setores intensivos em conhecimento" e, para isso, "as políticas ativas de emprego, industrial, de apoio às empresas, de ciência e tecnologia e de educação têm de estar alinhadas com esse desígnio estratégico".
Já o presidente da Fundação José Neves, Carlos Oliveira, reconhece os "avanços de Portugal nos últimos anos ao nível da escolaridade da sua população", mas alerta que "há ainda um longo caminho a percorrer para dotar os jovens de hoje de melhores empregos, que lhes permitam realizar-se a nível profissional e pessoal".
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