"O EntreMarias surgiu de forma espontânea, após o primeiro Festival das Marias, em 2019. Nessa altura consideramos, e bem, que não se celebram as mulheres apenas uma vez por ano. Aliás, quando uma data apenas se celebra uma vez por ano, talvez seja um bom indicador que ainda há muito para fazer!
Assim, entre os Festivais das Marias, passou a haver 11 EntreMarias, um por mês, como a menstruação! E assim esta comunidade foi crescendo, com interesses variados, com mais participações nuns temas do que noutros, mas sempre contextualizadas nas questões por que estávamos a passar.
Logo após 3 meses de iniciarmos, tivemos que nos recolher, como toda a população, e assim a partir de abril de 2020 as nossas sessões passaram a ser online até ao verão. Nessa altura construímos máscaras de proteção (aliás, organizamos uma verdadeira “linha de montagem” em que umas cortavam, outras coziam, outras distribuíam, …) e planeámos alimentação saudável. Aprendemos a como utilizar várias plataformas online para ajudar as crianças e adolescentes lá de casa com a escola e até a ser os “primeiros socorros emocionais” de quem estava a passar pior com o confinamento, …
A partir de 2021 começamos a abrir! Não só por estarmos mais à vontade fora de casa, como para articular com outras iniciativas e organizações. Fizemos parte do primeiro Beja Pride, da Primavera AgroEcológica, do Festival Umundo. Recebemos uma delegação das Zapatistas em viagem pela Europa. Juntámo-nos com as mulheres que fazem cinema aqui no Alentejo. Organizamos uma sessão sobre os “Medos que nos movem”, quando Beja parecia que estava a acordar para a realidade dos imigrantes da pior forma, ou seja, virando-se contra eles e aderindo à narrativa demagógica da extrema direita. Foi também nessa altura que surgiu o EntreMariazinhas na Escola secundária Diogo de Gouveia, por proposta das próprias alunas em organizar uma semana da Mulher em contexto escolar.
A partir de 2023, como Portugal e o mundo estavam aceleradamente a polarizar-se e a mudar para a intolerância, sentimos necessidade de fazer parte dessa mudança e tomar uma posição mais vincada. Isto porque quando as coisas pioram, são sempre as minorias e as mulheres a sentir mais depressa estas mudanças na pele. Começamos então a discutir o assédio sexual, as relações tóxicas, os entraves à interrupção voluntária da gravidez em Portugal, o genocídio na Palestina, o que significava ser mulher antes e depois do 25 de Abril, …
E assim chegámos à sessão 50! E vai ser em GRANDE, com a Vânia Beliz e a Tânia Graça à conversa EntreMarias, pelas 15h na Biblioteca Municipal José Saramago, com um workshop de Burlesco às 18h na Galeria do Desassossego e com um jantar às 20.30h também na Galeria! Precisamente no ano em que a nossa bonita e inigualável Revolução dos Cravos comemora os seus 50 anos! Penso que a palavra resistência é a que mais se adequa a estas datas. Resistir com os olhos postos na construção de um futuro melhor e mais igualitário para todas as mulheres e consequentemente para todas as pessoas!".
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