Em Pias, no concelho de Serpa (Beja), o líder do PCP foi questionado pelos jornalistas sobre as reivindicações da PSP e da GNR, face ao suplemento atribuído à PJ, e à notícia divulgada hoje de que os trabalhadores do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) também foram aumentados e tiveram uma revisão da carreira.
“A Polícia Judiciária e os Serviços Secretos terem recebido, está bem. O que está mal é a PSP, GNR e guardas prisionais não terem recebido, essa é que é a grande questão”, disse.
Afiançando que “não se compreende muito bem” porque é que houve tal diferenciação entre forças de segurança, pelo que não percebe “o alcance desta injustiça”, Paulo Raimundo defendeu que o Governo deve resolver este assunto, mesmo estando em gestão, devido às eleições legislativas antecipadas de 10 de março.
O Governo estar em gestão “serve para muita coisa, para tudo e para o seu contrário”, mas “perde um pouco a moral de afirmar essa questão quando, na semana passada veio prometer 500 milhões de euros, e bem, para responder ao problema da agricultura”, afirmou.
Confrontado sobre o facto de estes apoios à agricultura serem temporários e não definitivos, ao contrário do que aconteceria com a atribuição de um suplemento à GNR e à PSP, Paulo Raimundo não ‘desarmou’.
“Se houve capacidade de atribuir 500 milhões de euros, e bem, de apoio à agricultura, também há capacidade de encontrar soluções, nem que sejam temporárias, para abrir caminhos ao problema destas pessoas” das forças de segurança, frisou.
Em declarações aos jornalistas, após intervir num almoço com reformados na vila alentejana de Pias, que juntou cerca de 200 participantes, o líder comunista insistiu que os elementos da GNR e da PSP têm “justas reivindicações” e que o Governo tem que lhes dar “sinais”, que aqueles homens e mulheres “merecem justamente”.
Se coubesse ao PCP resolver o assunto, indicou Paulo Raimundo, as respostas passariam por “atribuir-lhes do ponto de vista do valor financeiro o mesmo apoio que têm os outros, quer os serviços secretos, quer a Polícia Judiciária”.
Mas, ao mesmo tempo, os problemas dos elementos das forças de segurança são mais fundos e incluem questões como condições de trabalho, gente deslocada às vezes 100 ou 200 quilómetros da sua casa, problemas de habitação e de salários e de aumento do custo de vida brutal, enumerou, defendendo que esses também não podem ser esquecidos.
Questionado ainda sobre se os protestos das forças de segurança podem colocar em causa o dia das eleições legislativas, Paulo Raimundo disse não acreditar, “sinceramente”, que “esta ou aquela afirmação mais inflamada desta ou daquela pessoa em concreto seja o que corresponde ao espírito geral” dos elementos da PSP e GNR.
“Eu acho que houve muito empolamento desta ou daquela afirmação inflamada. Acho que não é o sentimentos dos homens e mulheres das forças de segurança”, frisou.
Na sua intervenção no almoço, nesta vila integrada no círculo eleitoral de Beja, onde a CDU volta a apostar como cabeça de lista em João Dias – é deputado desde 2018 -, Paulo Raimundo lembrou que todos os votos contam, que a CDU confia num bom resultado e que as pessoas não se devem iludir com sondagens, que “influenciam muito e não acertam nada”, dando como exemplo as recentes eleições regionais nos Açores.
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