Esta foi uma das garantias deixadas no final da reunião realizada na passada quinta-feira, em Évora, da Subcomissão Regional da Zona Sul, da Comissão de Gestão de Albufeiras, promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para avaliar as medidas técnicas a tomar contra a seca.
O vice-presidente da APA, José Carlos Pimenta Machado, disse aos jornalistas que, no Alentejo, “felizmente, o Alqueva responde a boa parte dos problemas do ponto de vista de dar segurança, quer para o abastecimento público, quer para a rega agrícola”.
Mas, existem “dois ou três casos” que “preocupam”, como as albufeiras do Monte Novo (Évora) e Morgavél (Sines), mas sobretudo a do Monte da Rocha, que serve para abastecimento público e para a rega na agricultura, destacou.
“A albufeira tem níveis historicamente muito baixos e, este ano, os níveis também estão críticos”, alertou, aludindo ao atual volume de cerca de 15% da barragem, o que corresponde a perto de 15 milhões de hectómetros cúbicos.
Por isso, a medida que foi tomada foi a de “guardar a água para dois anos do consumo humano e reduzir a rega agrícola, em particular para as culturas temporárias”, disse.
O responsável lembrou que esta barragem vai passar a estar ligada à do Alqueva, o que a vai tornar mais resiliente no futuro: “O projeto está lançado, o concurso está a ser preparado e essa é a boa notícia. No final de 2023, o Monte da Rocha estará ligado a Alqueva”.
No final da reunião, também o diretor-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Rogério Ferreira, destacou a importância do Alqueva para o Alentejo, uma vez que a barragem está com cerca de 80% da capacidade.
Segundo o responsável, estão a ser preparados planos de contingência, não só para “medir a utilização eficiente” da água, mas para garantir, fora das zonas abrangidas pelo regadio, que os agricultores têm pontos para o abeberamento dos animais.
Na reunião a APA propôs ainda às autarquias diversas medidas para “apostar na eficiência” hídrica na região. “Temos que combater o desperdício da água” e “perdas físicas nos canais de transporte de água, para a agricultura, mas também para consumo humano”, realçou Pimenta Machado, referindo que foi também proposto às autarquias, com “boa aceitação”, a redução dos consumos da rede pública para lavagem de ruas, de equipamentos, dos espaços verdes, entre outros.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), António Bota, salientou que as autarquias têm “todo o interesse” em aplicar as medidas sugeridas pela APA e que vão refletir sobre elas: “Cada autarca é autónomo e decide consoante a realidade do seu concelho”.
A verba de cinco milhões de euros do Fundo Ambiental que o Governo já disse que vai destinar, no âmbito da seca, para campanhas de sensibilização e soluções de contingência, como o transporte de água em camiões-cisterna para abastecer aldeias, é igualmente “bem-vinda”, segundo António Bota.
Rádio Voz da Planície/Lusa
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