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Política

Sacrifícios exigidos pela crise, pandemia e guerra sobram sempre para os mesmos – PCP

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Sacrifícios exigidos pela crise, pandemia e guerra sobram sempre para os mesmos – PCP

O secretário-geral do PCP disse que os sacrifícios exigidos nos últimos anos pela crise, pela pandemia e pela guerra na Ucrânia sobram sempre para uma imensa maioria, enquanto uma pequena minoria aproveita vantagens, oportunidades e lucros.

“Neste momento de profundas contradições em que vivemos, neste momento em que a ilusão, em que a propaganda se confronta com a realidade de todos os dias, com a vida dura de cada um de nós, já sabemos e até vamos antecipando as sempre existentes justificações para que, aos mesmos de sempre, recaiam as faturas dos diferentes acontecimentos”, disse Paulo Raimundo.

Falando num jantar/comício na capital algarvia, o dirigente comunista falou da crise, da pandemia de covid-19 e da guerra como razões “que não explicam uma verdade absoluta”.

“Em cada drama, e em cada um destes acontecimentos, há sempre uma imensa maioria sobre a qual recaem os exigidos sacrifícios. E há sempre uma pequena minoria para quem sobra sempre as oportunidades, para quem sobra sempre as vantagens e para quem sobra sempre os chorudos lucros”, salientou o secretário-geral do PCP.

Paulo Raimundo destacou que “não há crise, não há epidemia ou não há guerra para os 5% mais ricos do país, que concentram 42% da riqueza criada com o esforço de quem trabalha” e que “não há efeitos da crise, epidemia ou guerra para os grupos económicos que, só no ano de 2022, tiveram 20 milhões de euros de lucro por dia”.

“Não há nada que belisque, nem a crise, nem a epidemia, nem a guerra, os dois mil milhões de euros de lucros que a banca teve só nos primeiros seis meses deste ano. Não há crise, não há epidemia, não há guerra para os 1.000 milhões de euros que saem, por ano, do país, para paraísos fiscais”, prosseguiu.

O dirigente comunista questionou depois: “Mas a crise, epidemia e a guerra só sobram para os três milhões de trabalhadores, 70% de toda a força de trabalho que recebem até 1.000 euros de salário bruto por mês ou só sobram para os 2 milhões de pessoas na pobreza, das quais 300 mil são crianças? Mas a crise, epidemia ou a guerra só têm consequências na vida dos 400 mil idosos que recebem até 551 euros por mês de pensão? Para as centenas de milhares de jovens que não conseguem sair de casa dos pais, ou emancipar-se, ou constituir família?”

Paulo Raimundo garantiu que o partido que lidera não menospreza as dificuldades e efeitos da crise, da pandemia e da guerra, notando que o caminho traçado nesses momentos tem sido “sempre ao serviço dos grupos económicos”, em detrimento do povo, dos trabalhadores e da maioria.

“É por isso que nós estamos na miséria e eles estão com os bolsos cheios”, sublinhou.

O secretário-geral do PCP declarou que as opções políticas de partidos como PS e PSD têm sido “carimbadas pelas ameaças, pelas chantagens e ataques à soberania por parte da União Europeia”, lembrando, na sequência, o caso da empresa Efacec.

Em 07 de julho, a Autoridade da Concorrência foi notificada da aquisição da Efacec pela Mutares. A Mutares anunciou, em 23 de junho, que já tinha assinado o acordo para a aquisição da Efacec ao Estado, por um valor não revelado, estando a conclusão da transação prevista para o terceiro trimestre de 2023.

Paulo Raimundo afirmou que o Governo e a UE vão procurar “concretizar a privatização da Efacec, perdoando, pasme-se, 113 milhões de euros de dívida à empresa Mutares”.

“Perdemos uma empresa de grande potencial, perdemos o dinheiro que o Estado já lá investiu e ainda se perdoam 113 milhões de euros de dívida. Vamos lá ver se, no final de todo este processo da Efacec, não vamos ter mais um negócio em que quem compra a empresa volta a comprá-la com o dinheiro da própria empresa, como assistimos com a TAP”, referiu.


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