No final de março, 48 por cento do território encontrava-se em seca meteorológica, ao passo que no último dia de fevereiro a percentagem era de 28 por cento.
De acordo com o IPMA, verificou-se um aumento da intensidade da seca meteorológica na região sul, destacando-se, entre outros, o distrito de Beja, que se encontra na classe de seca severa.
O IPMA reforça que, no final de março, os valores de percentagem de água no solo apresentavam uma diminuição significativa em todo o território. Também os valores médios da temperatura média, máxima e mínima foram, em março, superiores ao normal.
A juntar a isto, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informação dos recursos Hídricos (SNIRH) referentes ao último dia de março, o volume de água armazenado aumentou em nove bacias hidrográficas e desceu nas bacias do Barlavento (13,6 por cento), Mira (36,6 por cento), Arade (40,7 por cento) e Sado (61 por cento).
A bacia do Guadiana contabilizava, no final de março, três albufeiras com armazenamento de água inferior a 70 por cento (Odeleite, Vigia e Beliche).
Já na bacia do Sado, a situação é mais complexa, com quatro barragens com armazemamento de água abaixo dos 50 por cento, sendo que, destas, Campilhas tem apenas 12,9 por cento e Monte da Rocha, 10,5 por cento.
Estão pois reunidas as condições para uma “tempestade perfeita”.
Esta situação é corroborada por Nuno Faustino, da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), de Ourique, que afirma já se sentir falta de pastagens no campo, sobretudo para ruminantes e mesmo para o Porco Alentejano que, numa fase de recria, ingere erva (inverno-primavera).
Os fenos não cresceram e a produção de cereais “será provavelmente um desastre”, quer em quantidade, quer em qualidade do grão. A causa está à vista: falta de água nas alturas críticas dos desenvolvimento das plantas.
As expectativas não são animadoras: “Mais um ano péssimo e, a continuar assim, até pior que o ano passado”.
Muitos criadores já estão a vender os seus animais, de forma a reduzir a despesa.
Nuno Faustino salienta que o apoio à alimentação animal (rações e palhas), poderia ser, entre outras, uma das medidas para minimizar a situação dos produtores, que neste momento continuam a reduzir o efetivo, incluindo reprodutores que vão para abate.
A não chover este mês, tudo se complicará, não só a questão da alimentação animal que está já em risco, mas também o seu abeberamento, pois, os lençóis freáticos que alimentam furos, poderão não estar recarregados para dar esta resposta.
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