O economista analisou os impactos dos aumentos no preço dos combustíveis no "bolso" dos portugueses e explicou que "para perceber como tudo funciona é preciso conhecer alguns aspetos relacionados com o funcionamento do mercado internacional".
Eugénio Rosa começou por esclarecer que "quando as petrolíferas dizem que o barril aumentou para justificarem o seu encarecimento isso não é verdade pois quando fazem as suas compras são sempre por um período alargado e nesse tempo o valor não é influenciado, ou seja o reflexo nos combustíveis não é imediato". Em seguida revelou que "utilizam, as petrolíferas, os preços do mercado de Roterdão, que estão em continua flutuação" e que "é este indexante que faz com que os combustíveis sofram muitas oscilações nos preços ao consumidor".
Eugénio Rosa deixou claro que basta "a variação de um cêntimo no gasóleo e gasolina para quem vende ganhar milhões de euros em lucros".
Para o economista, é importante esclarecer que "o efeito dos impostos no gasóleo, por exemplo, que sofreu um aumento de 17 cêntimos, de janeiro deste ano até setembro, significa que 11 cêntimos são de impostos, na prática isto quer dizer que aumenta a base e consequentemente o valor final, permitindo ao Estado arrecadar muito dinheiro, que vai para o Orçamento (OE)".
Neste contexto, Eugénio Rosa frisa que "a redução de um cêntimo no gasóleo não é significativo, não tem impacto nem no bolso dos consumidores individuais nem dos empresariais".
O economista recorda que se dizia que "a guerra na Ucrânia não iria ter impacto na economia portuguesa, mas foi esquecido que o nosso País comprava combustíveis russos e que a redução destes produtos onde fazíamos o abastecimento tem reflexos no aumento dos mesmos". Lembrando que a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do Mundo, sublinha que "faltar na colocação de combustíveis no mercado internacional significa fortes impactos na economia nacional, que infelizmente irão continuar, e até agravar, se este conflito continuar, como se prevê, por mais cinco ou seis anos".
Eugénio Rosa diz que a "Galp tem lucros de mais de 600 milhões de euros e isto quer dizer que para os consumidores e pequenas/médias empresas há uma verdadeira crise, mas para os grandes empresários não, pois acumulam lucros questionáveis".
O economista finalizou a sua análise, dizendo que "o Governo deve atuar ao nível do controlo dos preços e reduzir a carga fiscal sobre os combustíveis. Estes sim são os mecanismos que podem permitir a redução do preço nos combustíveis e não as propostas que avançou de dois cêntimos na gasolina e de um cêntimo no gasóleo, estes valores não têm qualquer impacto no consumidor final, seja individual ou empresarial", reiterou.
Acrescentou, Eugénio Rosa, que "é chocante a proposta de um cêntimo de redução no preço do gasóleo. Revela falta de respeito pelo consumidor, perante a situação que se vive".
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