Carla Mouro, presidente executiva da Fundação Juventude, explica que o projeto inovador já tinha sido desenvolvido, em 2018, no Norte do País, através de uma candidatura a fundos comunitários do Portugal Inovação Social.
O projeto prende-se em “levar a literacia digital às escolas de uma forma completamente gratuita”. Primeiramente é apresentado aos agrupamentos escolares, depois dá-se formação aos professores bem como aos alunos, através de sessões de mentoria em sala de aula.
Os professores são acautelados de que a implementação do programa não deve ser considerado como “mais um projeto, mais um trabalho que vai sobrecarregar a carga horária que já têm”. Pelo contrário, a Fundação quer que o projeto seja visto como “uma ferramenta que vai auxiliar, facilitar e criar novas oportunidades de lecionar e novas formas de aprender por parte dos alunos”.
No fundo, a responsável sublinha que é “aprender jogando ou aprender brincando”. Para tal utilizam uma ferramenta de programação, uma placa com um microcontrolador, o “micro:bit”.
O “micro:bit”, um jogo de computação, foi considerado já em 2018, “o mais democrático” para introduzir a literacia digital e a programação nas escolas. Isto deve-se ao facto de não precisar de ter nenhuma licença especifica, ser compatível com telemóveis, tablets, ou qualquer computador, e para funcionar apenas ser necessário ter acesso a um browser de internet.
Aprender a dar a matéria que normalmente já seria lecionada a jogar através do “micro:bit” é o objetivo da utilização desta ferramenta em sala de aula e, deste modo, torná-la mais participativa.
O programa visa ainda estimular o desenvolvimento de um espírito inovador e empreendedor, encorajar a criatividade e aprendizagem, tendo por base a resolução de problemas práticos.
A sustentabilidade do projeto é garantida pela Fundação da Juventude, por os próprios alunos dinamizarem a ferramenta. São deixadas nas escolas intervencionadas, pelo menos, 30 placas de “micro:bit”, ou seja, no ano letivo seguinte “lá estarão para ser utilizadas pelos professores já formados e que esses ensinarão outros”, diz a responsável.
O objetivo é igualmente partilhar o conhecimento que se vai adquirindo, “democratizando o acesso à literacia digital”.
Carla Mouro destaca que os dados recolhidos anteriormente indicam que o projeto melhorou, de forma geral, as notas de todas as disciplinas dos alunos, para além de que todos os indicadores estabelecidos foram superados. Confirmou-se ainda que o projeto interferiu na opção dos alunos, mais tarde, para a sua formação no 10.º ano.
Após o sucesso verificado no Norte, a Fundação Juventude fez uma nova candidatura para aplicar o projeto na região Alentejo e para já conta com investimento social da Delta.
No próximo dia 19 de outubro, às 16h00, nas instalações da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), em Beja, a Fundação Juventude vai realizar uma sessão de apresentação deste projeto, e outra no dia 20, às 16h00, na Escola Profissional de Odemira.
Este ano preparam-se para formar cerca de 4000 crianças e jovens dos 6 aos 18 anos com competências de programação. À data de hoje estão inscritas 96 turmas alentejanas, que contabilizam 1.986 alunos.
No distrito de Beja confirmaram adesão ao projeto o Agrupamento de Escolas de Almodôvar e o Agrupamento de Escolas de Cuba.
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