Os dados são públicos e constam da lista mensal da Caixa Geral de Aposentações (CGA). A estes números devem ainda somar-se o de reformados pelo regime da Segurança Social.
Manuel Nobre, presidente do Sindicato de Professores da Zona Sul (SPZS) avançou à Voz da Planície que, "até final deste ano, vão sair, para aposentação, cerca de dois mil e 300 professores". Acrescentou que "substituições são dificultadas porque os jovens professores não querem ir para uma carreira onde se vincula aos 47 anos de idade e com 16 anos de serviço".
A situação afeta todo o País, mas no distrito de Beja, segundo relatório publicado no final de setembro passado, "oito mil alunos estavam sem um ou mais professores". Manuel Nobre sublinha que "pode ter havido alterações neste número, mas o sistema não estava a contar com as aposentações".
Prosseguiu, Manuel Nobre, dizendo que "50 por cento das escolas do distrito admitem ter feito contratações de jovens licenciados sem a componente pedagógica efetuada e depois", frisou, "não nos podemos esquecer que quanto mais pequeno é o agrupamento maior é a dificuldade de fixar professores".
Para o presidente do SPZS, "Portugal está longe do aceitável, assim como do que se passa no resto da Europa, e o Orçamento do Estado para 2023 que é votado esta semana, na generalidade, não responde pois apresenta um corte de 600 milhões de euros na educação".
Acrescenta, Manuel Nobre, que "a solução tem que ter medidas concretas, nomeadamente incentivos para a fixação de jovens professores no Interior, zonas carenciadas, assim como ir buscar os que saíram desta profissão para outras e por não quererem seguir a docência".
O desinvestimento na educação é o motivo que leva "os professores a fazer greve no dia 2 de novembro, data em que fala no Parlamento, a propósito do Orçamento do Estado para 2023, o ministro da Educação".
Manuel Nobre alerta, revelando que "há largos anos que a Federação Nacional de Professores (Fenprof) chama a atenção para esta realidade" e que "20 por cento dos professores no ativo têm mais de 60 anos de idade, ou seja nos próximos anos saem para aposentação".
"Em 2019, num estudo encomendado pelo Governo ao Conselho Nacional de Educação (CNE), a problemática das aposentações já estava bem presente e fazia soar os alarmes. «A previsão anual de aposentações por grupo de recrutamento evidencia a possibilidade de a maioria dos grupos considerados perder mais de 50 por cento dos docentes no prazo de 11 anos», referia o documento.
O mesmo estudo alertava para as disciplinas mais afetadas pelas saídas até 2030: Educação Pré-Escolar (73%), Português e Estudos Sociais/História (80%), Português e Francês (67%), Matemática e Ciências Naturais (62%).
No 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário destacam-se a Educação Tecnológica (96%), Economia e Contabilidade (86%), Filosofia (71%), História (68%) e Geografia (66%). Uma realidade que se confirma pelos horários a concurso em Ofertas de Escola que já foram recusados ou não tiveram candidatos nas Reservas de Recrutamento", de acordo com dados avançados pelo “Diário de Notícias”.
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