O projeto “Potencial de fungos para biodegradação de polietileno” foi realizado por Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves, no ano letivo de 2022-2023, quando eram alunas da Escola Secundária de Odemira, e orientado pela professora Paula Canha, no âmbito do Clube de Ciência Viva.
As jovens testaram algumas alternativas ecologicamente corretas para solucionar a acumulação de resíduos plásticos nas estufas do concelho de Odemira, como a biodegradação através de fungos, em vez do descarte tradicional daquele material.
“Este trabalho é um contributo muito pequenino, ainda sem a capacidade de ser transposto para a prática. Contudo, para três jovens de 17 anos, foi um grande contributo”, disse hoje à agência Lusa Paula Canha.
Segundo a professora, a investigação das três alunas foi motivada pelo facto de, no concelho de Odemira, a acumulação de resíduos plásticos ser um problema de extrema importância, tendo em conta o seu uso frequente para cobertura de estufas.
Nesse âmbito, Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves testaram se os fungos Penicillium digitatum e Pisolithus tinctorius teriam capacidade de degradação do plástico usado em estufas e descartado. Chegaram à conclusão de que o primeiro “tem maior capacidade” do que o segundo.
“Mas os resultados mais promissores foram obtidos com o consórcio entre os dois”, revelou Paula Canha, acrescentando que “as soluções baseadas na natureza são sempre preferíveis”.
“Os organismos vivos degradam os resíduos de forma limpa e energeticamente mais eficiente do que qualquer linha industrial”, justificou.
O projeto acabou por vencer, em 2023, o Concurso Nacional para Jovens Cientistas e Investigadores, organizado pela Fundação da Juventude, sendo indicado para representar Portugal no Concurso Italiano para Jovens Cientistas.
Nesta mais recente competição, realizada entre os passados dias 16 e 18 deste mês, em Milão (Itália), a investigação das alunas de Odemira foi a segunda classificada.
Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves garantiram a medalha de prata num evento que teve a concurso 35 projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento humano, realizados por “jovens cientistas” provenientes de países como Itália, Bélgica, Brasil, México, Luxemburgo, Portugal, Espanha, Taiwan, Turquia e Tunísia.
Para a docente Paula Canha, este tipo de prémios numa competição internacional dá “sempre aos alunos mais confiança em si mesmos”.
“Muitas vezes, os nossos alunos duvidam das suas capacidades e competências e estes concursos, nacionais e internacionais, mostram-lhes que eles são capazes”, concluiu.
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