Através deste retrato é possível ficar a saber, por exemplo, que em 2021, e tendo por base as declarações de IRS entregues todos os anos pelos agregados fiscais, “mais de um terço dos agregados (36 por cento) viviam, no máximo, com 833 euros mensais”.
“Se acrescentarmos o escalão de rendimento imediatamente a seguir, conclui-se que mais de metade das declarações (53 por cento) correspondiam a rendimentos até aos 1.125 euros brutos mensais”, refere a Pordata, sublinhando que 688 mil agregados fiscais estavam no escalão mínimo de IRS (equivalente a 417 euros mensais).
No entanto, e tendo em conta os rendimentos declarados, “20 por cento dos agregados fiscais mais ricos ganharam 3,5 vezes mais que os 20 por cento dos agregados mais pobres” e “em concelhos como Lisboa, Porto, Oeiras e Cascais, a diferença é de cinco vezes mais”.
Com base em alguns resultados dos indicadores sobre privação material e social do Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos (ICOR), referentes ao primeiro semestre de 2022, a Pordata aponta que nessa altura 30 por cento das famílias não conseguiam fazer face a despesas inesperadas e 6,1 por cento referiu ter atrasos em alguns dos pagamentos relativos a rendas, prestações ou créditos.
Foi possível constatar que aumentou a percentagem da população que diz ser incapaz de aquecer convenientemente a casa, sendo que Portugal foi o 4.º País da União Europeia com maior proporção de pessoas a dar conta dessa incapacidade.
Por outro lado, “também subiu ligeiramente a proporção da população sem capacidade financeira para assegurar uma refeição de carne, peixe ou equivalente vegetariano de 2 em 2 dias (de 2,4 por cento para 3 por cento) e de pessoas sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano, fora de casa (de 36,7 por cento para 37,2 por cento)”.
Os indicadores mais recentes do INE sobre pobreza são relativos aos rendimentos de 2021 e mostram que nessa altura 1,7 milhões de portugueses estavam em risco de pobreza, ou seja, viviam com menos de 551 euros por mês, e que 18,5 por cento das crianças e jovens eram pobres, além de demonstrarem que aumentou o risco de pobreza nas famílias com dois adultos e duas crianças.
Relativamente à evolução da inflação e ao poder de compra dos portugueses, a Pordata refere que em 2022 se registou a taxa de inflação mais elevada dos últimos 30 anos e que a partir de fevereiro se assistiu ao aumento generalizado do preço dos bens e serviços, muito por culpa da guerra na Ucrânia.
“É preciso recuar 30 anos para encontrar uma taxa de inflação superior à de 2022 (7,8 por cento vs. 9,6 por cento em 1992). Desde que há registo, o pico da inflação ocorreu em 1984 (28,5 por cento) e, desde meados de 1995, a inflação foi sempre inferior a 4,5 por cento. Nos anos mais recentes, temos de recuar a 2017 para encontrarmos uma subida nos preços superior a 1,3 por cento”, refere.
Como consequência, diminuiu o poder de compra dos portugueses e os 760 euros do salário mínimo nacional equivalem a 678 euros, já que os produtos do cabaz de compra representativos das despesas das famílias encareceram, em média, 12,2 por cento.
A Pordata refere também que em matéria de habitação, em 2022, o preço das casas aumentou 90 por cento face a 2015 – contra 48 por cento da média da União Europeia, enquanto os salários subiram apenas 20 por cento.
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