"Manuel Pizarro pretende aplicar a desregulamentação total do trabalho médico levando os mesmos à exaustão, sendo totalmente contraditória a propaganda do Governo da agenda do trabalho digno, que põe em risco a segurança dos doentes. O Governo pretende, apenas, poupar, obrigando o mesmo número de médicos a atender muitos mais doentes, reduzindo a qualidade e a segurança do ato médico, destruindo a sua vida familiar e o direito ao descanso consagrado na Lei", assegura a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Sublinha também a Federação que "das soluções defendidas, desde há longa data, apenas uma é relativa às tabelas salariais, sendo todas as outras destinadas a melhorar as condições de trabalho, da formação e assim da universalidade, acessibilidade e qualidade no SNS", tal como refere, igualmente, o médico psiquiatra, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e da FNAM, Vasco Nogueira.
"Trabalhar para além de 150 horas extras significa tempo de descanso que os médicos não têm e retirado às consultas externas, também, tão necessárias. No fundo, a falta de tempo para dormir, para a família e o lazer aumenta o risco dos médicos errarem com os seus pacientes e não é isso que se pretende", deixou claro Vasco Nogueira.
"Na ULSBA, a maioria dos médicos que faz urgência já excedeu, em muito, as 150 horas a mais que a lei permite", assegura, igualmente, Vasco Nogueira.
O médico deixa, contudo, a indicação de que "mesmo assim estes profissionais continuam a assegurar o trabalho urgente". Acrescentou que "a tutela até pode pretender substituí-los por outros contratos para o efeito, no entanto tem de perceber que a qualidade do serviço não será a mesma e que isso significa, também, aumentar, e muito, custos ao SNS desnecessários".
Médicos e Ministério da Saúde sentam-se nesta sexta-feira, 27, de novo, à mesa de negociações e a FNAM, que articulou as reivindicações a fazer, na tarde de ontem, com o SIM, diz que "depois de 12 anos de salários congelados, em que continuamos a ser dos médicos com salários mais baixos da Europa, exigimos equidade na recuperação salarial com uma atualização de 30 por cento no salário base de todos os médicos, para que se reponha o nível de poder de compra anterior à intervenção da troika."
Entre as matérias a reivindicar hoje, a Manuel Pizarro estão, também, a "reposição das 35 horas semanais para todos os médicos que assim o desejem e das 12h00 do serviço de urgência ao invés das atuais 18 horas, medida que vem desde o tempo da troika e que era transitória, assim como a reposição dos dias de férias, uma efetiva progressão da carreira e o reconhecimento do internato no primeiro grau da carreira médica."
"Assistimos a um momento histórico de grande união dos médicos, juntos na luta por um acordo com medidas que permitam a sobrevivência do SNS. A FNAM está disponível para assinar um acordo, em que algumas medidas podem vir a ser faseadas, mas com garantias de que a carreira médica e o SNS têm o futuro salvaguardado com a dignidade que merecem. Caso Manuel Pizarro mantenha a sua teimosia e faça gala da sua incapacidade para chegar a um acordo, não contará com a FNAM para nenhum truque de ilusionismo, que mais não irá do que esconder a falta de vontade política em atrair médicos para o SNS, numa altura em que os médicos aprenderam a não confiar nas suas palavras."
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