Micaela Mestre tem 44 anos anos, viveu em Beja, mas saiu para se formar em Artes Plásticas, Pintura, nas Caldas da Rainha, nunca pensou regressar ao Alentejo, mas cá está há três anos, a desenvolver o seu projeto de agricultura biológica, nas culturas de olival e amendoal, praticamente às portas da cidade. Micaela Mestre tem dois filhos, um de 17 e outro de 12, faz tudo em comunhão com o companheiro, também, do mundo das artes, é escultor, e com os filhos. Ainda tem tempo para criar bijuteria, fazer escultura, origamis e meditar.
Na sua prática profissional, esclarece Micaela Mestre, “há diferenças na forma como se está na agricultura entre homens e mulheres, elas têm mais preocupações ambientais e com a terra”. “Quando se trata de mandar, contrata-se um grupo de pessoas para trabalhar e se a mulher diz que não se deitam beatas para o chão, nem garrafas de plástico, não ligam, enquanto se for um homem a fazê-lo acatam”.
Ana Carla Gouveia tem 57 anos, é natural de Maputo, tem três filhos, hoje crescidos, mas quando decidiu vir para o Alentejo, para um monte perto de Ferreira, as crianças eram pequenas e pensou ficar por um ano. Ainda cá permanece e já lá vão 21 anos dedicados à agricultura biológica na cultura do olival. A criação de gado e a horta, para consumo da casa, são outros interesses desta mulher formada em Psicoterapia e Aconselhamento. No seu terreno também ajuda quem a procura e acredita que consegue ajudar as pessoas a tornarem-se mais capazes de enfrentar as adversidades da vida.
A agricultura praticada por homens e mulheres é diferente. As mulheres, frisa Ana Carla Gouveia, são mais cuidadoras das pessoas, gerem melhor quem as ajuda ou contratam para trabalhar a terra e têm mais respeito pelo ambiente. São menos gananciosas, melhores gestoras financeiras e mais generosas na partilha dos dividendos.
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