«Em 2022, a taxa de risco de pobreza absoluta variou entre 8,5% e 12,6%, abaixo dos 16,4% da taxa de risco pobreza relativa", indicam os autores do estudo, sustentando que "a pobreza absoluta é mais comum nas áreas urbanas (8,8%) do que nas áreas rurais (6,9%)". O estudo "Quem consegue pagar as despesas essenciais? Uma análise da pobreza absoluta em Portugal", é da autoria de Susana Peralta, Bruno Carvalho, Miguel Fonseca e João Fanha e publicada pela Fundação "la Caixa" e BPI, em parceria com a Nova SBE.
De acordo com a definição usada pelo Eurostat, o limiar de pobreza corresponde a 60% da mediana do rendimento disponível (ou seja, após transferências sociais) por adulto equivalente de cada país. Em Portugal, são consideradas em risco de pobreza as pessoas com rendimento disponível até €6.608 anuais, ou €551 por mês, já depois das transferências sociais. No caso de se tratar de uma família monoparental com uma criança, essa família é considerada pobre se o rendimento disponível mensal do agregado for inferior a €716. No caso de uma família com dois adultos e uma criança esse valor é de €992.
O estudo acrescenta que cerca de 900 mil trabalhadores, 8,9% da população, se encontram em situação de pobreza absoluta, que é mais prevalente nos desempregados (31,8%) e em pessoas com contrato temporário de trabalho (18,4%). Sobre o risco de pobreza absoluta extrema, o relatório intercalar "Portugal, Balanço Social 2024" indica que "cerca de 100 mil pessoas vivem em agregados sem o rendimento necessário para pagar a dieta essencial", perfazendo cerca de 1% da população. O estudo refere ainda que 10% dos trabalhadores portugueses são pobres.
"As crianças e os estrangeiros são os grupos mais afetados pela pobreza absoluta extrema, com taxas de 1,9% e 1,3% respetivamente. Logo, 37 mil crianças vivem em agregados com rendimentos abaixo do custo da dieta essencial", realça. O documento assinala ainda que cerca de 3,5% dos desempregados, perto de 20 mil pessoas, não possuem recursos para pagar uma dieta adequada, e que as famílias numerosas são o grupo com a maior prevalência de pobreza absoluta extrema (4%).
O estudo avança ainda que as condições precárias influenciam também o bem-estar psicológico, sendo que em 2022 "as pessoas pobres sentiram-se duas vezes mais sozinhas, isoladas ou excluídas do que as não pobres". Dezasseis por cento das pessoas pobres afirmaram sentir-se "raramente felizes". E muitos acreditam que a situação tem apenas tendência para piorar, com 36% a acreditar que a sua situação financeira vai continuar a tornar-se mais precária no futuro.
O balanço dá ainda conta de que em 2022, as transferências sociais evitaram que mais de meio milhão de pessoas estivessem em risco de pobreza», revela a mesma publicação.
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