À margem da celebração do 156.º aniversário do Comando Distrital do Porto da PSP, assinalado em Gondomar, José Luís Carneiro defendeu que é necessário “investir mais na prevenção” de incêndios do que no combate, salientando que em 2023 há um “maior número” de recursos humanos, materiais e aéreos para combater o fogo.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) entregou hoje ao primeiro-ministro uma carta a exigir a demissão do presidente da agência de gestão dos fogos rurais, Tiago Oliveira, alegando uma “quebra irrecuperável de confiança” após este ter questionado no parlamento, em julho, o facto de os “corpos de bombeiros receberem em função da área ardida”, considerando o “objetivo perverso”.
O presidente da AGIF sublinhou também que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro, nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”, sendo necessário equilibrar a prevenção e o combate.
“Eu pude ouvir as explicações do dr. Tiago Oliveira e ele próprio pôde lembrar que não quis ofender nem os autarcas nem os bombeiros porque reconhecia nos bombeiros e autarcas um papel crucial do sistema de Proteção Civil Nacional”, referiu o governante.
No entanto, questionado diretamente sobre o pedido de demissão de Tiago Oliveira, o ministro da Administração Interna escusou-se a comentar.
Segundo José Luís Carneiro, “é necessário investir mais na prevenção do que no combate porque efetivamente no combate já está muito do trabalho perdido”.
“Se queremos, de facto, enfrentar sustentadamente o problema estrutural dos incêndios, há um trabalho que também tem vindo a ser feito mas que demora muito tempo a produzir resultados, nomeadamente na reorganização da propriedade (…), os portugueses têm a consciência de que nós para enfrentar o drama dos incêndios temos que valorizar a floresta, temos que valorizar as políticas estruturais (…). É um trabalho que está em curso e que demora uma geração a produzir resultados”, disse.
Por isso, defendeu, “é preciso continuar e consolidar o esforço de alterar o financiamento para a prevenção”, lembrando que em 2017 cerca de 80 por cento do financiamento estava no combate e 20 por cento na prevenção e que em 2022 60 por cento do financiamento foi para a prevenção e 40 por cento para combate.
“Este trabalho precisa de ser consolidado”, salientou, lembrando que a GNR, neste trabalho de prevenção, já fez mais de 50 detenções e identificou mais de 700 pessoas.
José Luís Carneiro refutou ainda críticas sobre a má avaliação da situação dos incêndios em curso em Portugal, nomeadamente em Odemira, onde um incêndio deflagrou no sábado.
“Quando se determina uma situação de alerta tem que se ter reunido um conjunto de critérios técnicos e de natureza operacional, não é uma questão de natureza estritamente subjetiva”, disse.
Segundo o ministro, “é um cenário que tem que estar sempre em avaliação em função dos indicadores das condições climatéricas, atmosféricas e, por outro lado, em relação ao número de incêndio no país e em relação aos níveis de humidade e dos ventos”.
“Foi em função da avaliação desses indicadores que se decidiu termos condições para que o dispositivo mostre capacidade de eficácia em relação às circunstâncias naquele momento da decisão. A avaliação manter-se-á e em função dos indicadores e o comandante nacional e Autoridade Nacional proporão as decisões que haverá depois que tomar no plano político”, garantiu.
O governante lembrou ainda que 2023 é o ano em que Portugal tem mais meios de combate a incêndios, nomeadamente meios aéreos.
“Este ano é o ano em que temos maior número de recursos humanos, materiais e é também o ano em que temos o maior número de recursos aéreos, julgo que hoje foi fechado contrato para o 71º meio aéreo e estamos a trabalhar para os 72. Julgo que vamos conseguir alcançar esse objetivo máximo. No ano que passou tínhamos 60 meios.
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