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Legislativas 2022: análise dos resultados globais

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Legislativas 2022: análise dos resultados globais

Os resultados das legislativas 2022, em termos globais, são analisados pelo jornalista Carlos Lopes Pereira.

Sobre as eleições legislativas de 30 de Janeiro


Assinale-se, em primeiro lugar, a vitória do PS com maioria absoluta, permitindo a António Costa formar um Governo que, no seu dizer, vai assegurar “estabilidade governativa” ao País.

A maioria absoluta conseguida foi, de algum modo, inesperada, já que nas últimas semanas o exército de comentadores e analistas apontava para um “empate técnico” entre PS e PSD, e até para a possibilidade de o PSD ganhar. As sondagens publicadas confirmavam esse cenário.


Note-se que, com estes resultados, o plano de António Costa, uma espécie de “golpe eleitoral” cumpriu-se integralmente:

– Recusou negociar medidas sociais e económicas propostas pelo PCP e pelo BE, forçou o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e, apoiado pelo Presidente da República, criou uma falsa “crise política” com a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas, que não eram as únicas soluções constitucionais.

– Depois, Costa atribuiu a “culpa” da crise ao BE e PCP e jogou, apoiado pela comunicação social dominante, na bipolarização, no apelo ao voto útil, no medo de uma vitória da direita…


O PS e António Costa capitalizaram, assim, os aspectos positivos da governação, desde 2015, da chamada “geringonça”, em que as propostas de avanços sociais vieram, precisamente, do PCP, do PEV, do BE: aumento de salários e pensões, investimento no Serviço Nacional de Saúde, apoio aos trabalhadores e às micro, pequenas e médias empresas e outras medidas de apoio social e económico durante estes dois anos de pandemia.

[A economia, aliás, ajudou: já hoje, depois das eleições, foi anunciado que o PIB cresceu 4,9% em 2021…]


Ou seja: o PS beneficiou eleitoralmente das políticas da “geringonça”, e as forças políticas que mais contribuíram para esses avanços – PCP e BE – foram penalizadas pela estratégia da bipolarização e do voto útil. O Bloco perdeu três quartos dos seus deputados e o PCP metade.


Destaque-se ainda que o PS venceu em todos os distritos do Continente e que teve mais de 10 pontos percentuais que o PSD. À direita, em recomposição, o CDS sai do parlamento, a Iniciativa Liberal e a extrema-direita cresceram.

Mas, apesar do foguetório da extrema-direita, registe-se que o eleitorado da CDU e do BE (cerca de 9%, 577 mil votos) supera largamente os votantes do Chega (cerca de 7%, 385 mil votos).


Quanto aos resultados no distrito de Beja, apesar da “onda rosa”, o PS elegeu dois deputados e a CDU um, mantendo-se a mesma representação parlamentar anterior, não obstante o crescimento eleitoral dos socialistas e da extrema-direita.


Notas finais:

. O Presidente da República queria um “virar de página”, ou seja, um governo com uma política de direita, preferencialmente um governo PS/PSD. Não conseguiu a mudança e terá de dar posse a António Costa e conviver com um Governo PS. Que não terá agora desculpas para não avançar com medidas que antes recusou…

. Costa apostou no argumento da “estabilidade governativa”. Toda a gente sabe que, mesmo com maioria absoluta, “estabilidade governativa” não significa estabilidade social…

. Apesar dos resultados eleitorais, as populações no País e na nossa região não deixarão de prosseguir as suas lutas por mais e melhor emprego, pelos seus direitos laborais, por melhores salários e pensões, por um SNS melhor, por mais desenvolvimento e progresso social.


Carlos Lopes Pereira

31/01/2022      


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