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Jerónimo de Sousa critica Governo por recusar travar escalada de preços

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Jerónimo de Sousa critica Governo por recusar travar escalada de preços

Jerónimo de Sousa, líder do PCP, discursou no comício em Baleizão, no âmbito da cerimónia de homenagem a Catarina Eufémia, mulher assassinada pelas forças do regime fascista há 68 anos, no dia 19 de maio de 1954. Deixou críticas ao Governo PS, acusando-o de “se recusar a aumentar os salários e pensões e travar a escalada de preços”. 

Jerónimo de Sousa, perante os militantes e simpatizantes presentes, invocou o nome de Catarina Eufémia, relembrando a sua “inexcedível coragem” e “consciência política” na “defesa dos interesses dos seus irmãos de classe”. Relembrou também o papel de Catarina Eufémia, “lendária heroína popular”, na luta pela emancipação das mulheres, "que ousaram dizer não às desigualdades”.

“O seu exemplo de luta ficou gravado na memória do proletariado rural da zona de latifundio e foi bandeira de muitas lutas que se sucederam nos anos seguintes”, reforçou Jerónimo de Sousa.

O líder do Partido Comunista Português, durante o seu discurso, acusou o Governo do PS de fazer “uma política de meias-tintas” por se recusar a aumentar os salários e pensões e a travar a escalada de preços.

“Em vez de agir e decidir para travar a escalada dos preços e promover o aumento dos salários e reformas, fica-se pela política das meias-tintas, deixando em roda livre a especulação e o acumular de lucros desmedidos pelo grande capital”, criticou.

Jerónimo afirmou que o PS prometeu, na campanha eleitoral, valorizar salários e reformas, assinalando que, agora, “apanhado com a maioria absoluta que ambicionava e de mãos livres”, o Governo “esqueceu a promessa”.

Alertando para “a desvalorização acentuada dos salários e das reformas” e para a taxa de inflação de 7,2% em abril, o secretário-geral comunista notou que o PS “está já a fazer o contrário do que anunciou”.

“De facto, o que se vê é a recusa por parte do Governo do aumento geral dos salários, de todos os salários, no setor público e no setor privado, quando ele é hoje ainda mais necessário para fazer face ao aumento do custo de vida”, sublinhou.

Em relação aos reformados e pensionistas, continuou Jerónimo de Sousa, acontece o mesmo, pois “o Governo continua a recusar um aumento geral de todas as pensões que permita fazer face à inflação e recuperar poder de compra”.

Para o líder do PCP, “o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores é possível e necessário, valoriza os trabalhadores, dinamiza a economia, dá sustentabilidade à Segurança Social, constrói reformas dignas no futuro de cada um”.

O dirigente comunista frisou que o “deixar andar e fechar os olhos à especulação e à exploração está bem patente” na proposta de Orçamento do Estado para este ano, considerando que no documento “não se veem as soluções para estes e outros problemas”.

“Tal como no passado, os trabalhadores e o nosso povo travam hoje uma batalha contra a desvalorização dos seus salários, das suas reformas e pela sua valorização, e em defesa das suas condições de vida e pelo direito ao trabalho com direitos”, disse.

Segundo o líder comunista, “a pretexto da guerra e das sanções” assiste-se ao “crescente agravamento da situação económica e social”, em que “a salvaguarda dos lucros dos grupos monopolistas tomam a dianteira, em detrimento das condições de vida do povo”.

“O que aí está é um autêntico assalto ao bolso de quem trabalha da parte dos grupos económicos, com os seus aumentos especulativos dos bens essenciais, dos alimentares à energia, dos combustíveis aos transportes, à água e habitação”, salientou.

No seu discurso de cerca de 20 minutos, o secretário-geral do PCP vincou que as grandes empresas estão a acumular “lucros desmedidos”, dando como exemplo a petrolífera Galp, cujos lucros no primeiro trimestre deste ano “cresceram quase 500%”.

Jerónimo de Sousa reforçou que irá continuar a defender “os interesses dos trabalhadores” e que “homenagear Catarina é celebrar a sua luta, por uma sociedade mais solidária e fraterna”.  


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