“Perante o caos a que assistimos nas urgências obstétricas e as dificuldades em assegurar o atendimento médico urgente em várias especialidades, devido à falta de profissionais, e os atrasos” nas consultas, “bem se pode dizer que o Partido Comunista Português (PCP) tinha razão para votar contra o Orçamento do Estado (OE), em outubro de 2021”, disse Jerónimo de Sousa.
Tanto no anterior Governo, como no atual, “medidas consideradas indispensáveis” para a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “para dar solução aos problemas que agora aparecem à luz do dia”, constavam do “núcleo duro” das propostas dos comunistas para aprovarem o OE.
“A situação do SNS é pior do que há seis meses”, disse, vincando que “faltam médicos e enfermeiros de família, aumentam as queixas de atrasos e falta de respostas em consultas, tratamentos e cirurgias”.
Da parte do Partido Socialista (PS), contudo, “continuam os remendos dos planos de contingência em vez de soluções de fundo, como os salários, as carreiras, as condições de trabalho para fixar os médicos de várias especialidades no SNS”, criticou.
“Neste, como noutros domínios, o Governo PS limita-se a apontar medidas temporárias para atenuar alguns dos problemas que o povo e o país enfrentam” e os socialistas “fazem depender da União Europeia decisões que podem tomar”, segundo Jerónimo de Sousa.
Para além de centrar atenções nas matérias da saúde, que afetam particularmente, o distrito de Beja, o secretário-geral do PCP identificou as fragilidades deste território que “continua sem respostas do governo de maioria socialista nas infraestruturas há muito em falta” e que “contribuiriam para contrariar a contínua perda de população”. Estes são “os problemas de uma região que os diversos governos tornaram crónicos e que o do PS não tem ajudado a resolver”, sublinhou.
Neste contexto, Jerónimo de Sousa relevou ser preciso “potenciar os recursos da região, nomeadamente numa agricultura sustentável, capaz de criar emprego e acesso à terra a favor dos pequenos agricultores. Dar uma outra perspetiva à terra irrigada é outra possibilidade pois estas duas perspetivas contribuem para a garantia da soberania alimentar e para inverter o défice na produção de cereais que o País enfrenta”.
O aumento do custo de vida esteve, igualmente, no centro do discurso de Jerónimo de Sousa, em Beja. Aludindo aos impactos de uma pandemia da qual “ainda não foi possível sair, e com consequências severas para pequenos e médios empresários”, frisou que se “junta agora a perda do poder de compra das populações que não têm nos seus salários os aumentos capazes de fazer face a uma inflação de 8 por cento”.
O secretário-geral do PCP exigiu do governo, entre outras medidas, uma “outra atitude” para contrariar “os escandalosos” aumentos dos combustíveis, que deve passar pela regulação e fixação de tetos máximos dos preços. É também “tempo” do governo socialista tomar outras medidas, como “garantir a reposição da taxa do IVA nos 6 por cento na eletricidade e gás”, criar “um Cabaz Alimentar Essencial” e definir “um preço de referência para cada um dos produtos, com base nos custos reais e numa margem não especulativa”.
A atualização extraordinária para todas as pensões, no montante mínimo de 20 euros por pensionista, ou a adoção de “medidas concretas para assegurar aumentos de salários” foram outras das medidas reclamadas pelo líder do PCP.
“Ampliar as organizações de base do PCP, no sentido de promover ainda mais a proximidade das populações, assim como trazer mais jovens para o partido” foram saídas identificadas pelo secretário-geral “para responder aos problemas dos trabalhadores e do povo”.
“Tem que se continuar a lutar por salários dignos, desde aumentos no salário mínimo, ao da função pública e de outros setores, por ser a única possibilidade para combater a diminuição brutal do poder de compra”, deixou claro, ainda, Jerónimo de Sousa.
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