Uma das pessoas que a Voz da Planície ouviu passa muitas horas ao volante, e outras tantas a fazer este percurso, e foi claro quando referiu “as péssimas condições do piso para conduzir, principalmente quando está nevoeiro ou chuva pois criam-se lençóis de água e os carros não se seguram. Um perigo para quem conduz e para os outros”. A juntar a este depoimento temos um outro, de alguém que trabalha neste trajeto e que alerta para o facto, de ser “zona de passagem de mais de 70 camiões por dia”, mostrando, igualmente, preocupações com a entrada do inverno e deixando claro que “furos e acidentes” são frequentes.
Falámos também com um jovem que faz esta viagem há quatro anos e que nela vai continuar. “Degradada” foi o termo que utilizou para chamar a atenção para as condições de um piso onde passam pessoas de todo o lado para chegar à capital de distrito. Outra das pessoas que se disponibilizou para falar mora em Beja e trabalha em São Brissos e descreve os “malabarismos” que os condutores têm de fazer para se desviarem dos buracos que se encontram no caminho, mais ainda depois da rotunda para o aeroporto.
Um rebocador de profissão deixou, igualmente, o seu testemunho e neste caso deu conta dos problemas de mecânica que fazer este caminho, desde os dezoito anos e até à data, com 49, lhe têm causado. Pede que se passe, neste trajeto, dos “remendos” ao arranjo efetivo.
Voltamos ao jovem que utiliza este troço do IP8 há quatro anos pois fez questão de deixar um alerta para quem toma decisões. Sugeriu que se “cheguem à frente” e que façam por resolver este problema. Lembrou que Beja recebe gente de todo o lado e que se o futuro passa pelo turismo não podem existir estradas de acesso à cidade nestas condições.
Ao ouvir estas referências, a Voz da Planície tentou chegar à fala com o presidente da Junta de Freguesia de Beringel, Vítor Besugo, no sentido de conhecer os constrangimentos que moradores e utilizadores deste trajeto fazem chegar ao autarca, mas não foi bem-sucedida.
Recorde-se que em 2020 foram abertos concursos para reabilitação do IP8 que não iam até à rotunda da “Força Aérea”. A Câmara de Beja reclamou, entretanto, junto da Infraestruturas de Portugal o facto, do primeiro concurso para projeto da reabilitação do IP 8 terminar na rotunda do aeroporto e não na rotunda da "Força Aérea" e que foi publicada a retificação do mesmo em Diário da República, a 31 de dezembro de 2020, contemplando então o troço desde a "fronteira" com o concelho de Ferreira do Alentejo até à Rotunda da "Força Aérea".
O objeto do contrato, pode ler-se na publicação do Diário da República do passado dia 31 de dezembro de 2020, é “IP8 (EN121) – Ferreira do Alentejo (Km 51 + 280) (Rotunda com a ER2)/Beja (73+810) (Rotunda com o IP2), incluindo variante a Beringel.” E a descrição do objeto do contrato, pode ler-se na mesma publicação, é “Melhorar as condições, circulação e segurança no IP8 (EN121) entre Ferreira do Alentejo e Beja, através da beneficiação estrutural do existente, incluindo as travessias urbanas. O Estudo engloba ainda, a conceção da designada variante a Beringel”.
Lembramos, também, que recentemente, o Beja Merece Mais (BMM) avançou que “no que diz respeito à Rodovia, a A26 Sines - Beja - Aeroporto avançará com valor previsto de 129 milhões de euros, no âmbito do quadro 2030, como foi requerido nos documentos do BMM, em Janeiro de 2020. Contudo teremos de aguardar que sejam concluídos os investimentos em curso no âmbito da extensão do 2020”.
Chegou à redação da Voz da Planície, um documento da vice-presidente da Distrital de Beja do CHEGA e vereadora na Câmara de Serpa Ana Moisão, dando conta das suas preocupações relativamente à requalificação do IP8 e a perguntar: “E o Município de Serpa? Esqueceram-se de nós?".
Neste documento, Ana Moisão refere que se reuniu com o presidente da CIMBAL para demonstrar a sua preocupação e que António Bota prometeu uma reunião com o secretário de Estado para “transmitir o quão urgentes são estas intervenções para a segurança de todos e para o desenvolvimento da região”. Revela, ainda, que contactou a Infraestruturas de Portugal (IP) e que obteve informações. Ficou a saber que para 2022 “está previsto o lançamento da empreitada do troço Ferreira do Alentejo – Beja, com a construção das variantes de Figueira dos Cavaleiros e Beringel, e quanto ao troço Beja – V.V. de Ficalho (fronteira), que se encontra em fase de projeto, com uma previsão de lançamento da empreitada para 2024.”
“Foi ainda mencionado pela IP", revelou, também, Ana Moisão, que “existem contratos de manutenção corrente, que respeitam algumas variáveis para a sua priorização, entre as quais o estado de conservação do pavimento, que neste caso, inacreditavelmente, está classificado como «Razoável» e pelo nível de sinistralidade com vítimas, que é «muito reduzida»". Segundo esta informação frisa o que a mesma "leva a concluir que estas manutenções só são desencadeadas para reduzir o número de tragédias e não com o intuito de as evitar.”
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