A utilização excessiva de recursos compromete os oceanos, leva à desflorestação, à erosão dos solos, à perda de biodiversidade e ao aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global, que provoca fenómenos meteorológicos extremos e o aumento da insegurança alimentar, alerta a organização.
O indicador da pegada ecológica começou a ser feito em 1971, quando os recursos davam para praticamente o ano inteiro. A partir de 1984 os recursos já só chegavam a novembro e em 1993 apenas até outubro.
Desde esse ano a humanidade consumiu cada vez mais recursos, com apenas uma ligeira quebra de consumo em 2020, explicada pela pandemia.
Este ano, o 01 de agosto (um dia antes de 2023) é um recorde.
A reparação de produtos em vez de comprar novos é uma das formas de diminuir o consumo e uma diretiva nesse sentido entrou hoje em vigor na União Europeia (UE), com os Estados a terem de a transpor até 2026.
A lei implica que os fabricantes de produtos como frigoríficos ou ‘smartphones’ sejam obrigados a oferecer serviços de reparação atempada a um preço razoável e a fornecer peças sobresselentes.
A plataforma de produtos recondicionados refurbed, em comunicado, cita dados das Nações Unidas que indicam que a produção mundial de resíduos eletrónicos atingiu 62 milhões de toneladas em 2022, mais 82% do que em 2010, das quais 4,6 milhões de toneladas dizem respeito a pequenos equipamentos como computadores portáteis ou telemóveis (dos produtos mais vendidos na refurbed).
O recondicionamento de aparelhos eletrónicos poupa em média 83% de CO2, 89% de água e 77% de resíduos, comparando a novos produtos.
Se todos os resíduos eletrónicos fossem reciclados ou reutilizados podia atrasar-se o Dia da Sobrecarga do Planeta em aproximadamente quatro dias, diz ainda a plataforma.
E acrescenta: Se cinco em cada 10 smartphones vendidos em Portugal fossem recondicionados poupava-se o equivalente a um dia de emissões de CO2 no país.
A plataforma apela à ação contra o desperdício de recursos eletrónicos, diz que em média cada pessoa guarda em casa 2,72 smartphones antigos, que são um enorme desperdício de recursos valiosos, e defende uma mudança no estilo de vida para uma economia mais circular.
Nos dados da “Global Footprint Network”, Portugal esgotou os seus próprios recursos muito mais cedo, este ano a 28 de maio. Desde então os portugueses estão a consumir recursos que só deveriam usar em 2025.
Segundo os números, se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar a sua utilização de recursos.
Cada português pode fazer recuar mais o dia em que se esgotam os recursos se reduzir o consumo de proteína animal (atualmente consome três vezes mais do que era desejável), se privilegiar os transportes coletivos e a mobilidade suave, e se consumir de forma mais circular, tendo menos e de melhor qualidade em vez do comum usar e deitar fora, alertou na altura a associação ambientalista Zero.
A Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).
No cálculo para determinar o dia da sobrecarga do planeta a “Global Footprint Network” colocou a UE a esgotar os recursos que lhe eram destinados ainda mais cedo, logo a 03 de maio.
Mas o país que primeiro esgotou os recursos foi o Qatar, logo em 11 de fevereiro, seguindo-se o Luxemburgo, no dia 20, os Emirados Árabes Unidos, em 04 de março, e os Estados Unidos, em 14 de março.
Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, em 24 de novembro, o Iraque em 15 e a Jamaica em 12.
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