A Comissão de Utentes de Serviços do Concelho de Serpa refere, no documento enviado, estar solidária com as “pessoas e instituição”, mas releva, contudo, que “um serviço publico de saúde que dá resposta à população, ainda mais na situação de crise sanitária que vivemos não deve encerrar por tempo indeterminado.” E pede que sejam encontradas “respostas que permitam ao serviço voltar a funcionar”, apelando às diversas entidades envolvidas que trabalhem “na solução mesmo que provisória para manter o serviço em funcionamento.”
A Coordenadora Distrital de Beja do BE considera “inaceitável esta situação que obrigará”, de acordo com a sua nota de imprensa, “os doentes dos concelhos de Serpa e de Mértola a recorrer diretamente à Urgência do Hospital de Beja, já tão sobrecarregada”. Este encerramento por “tempo indeterminado da Urgência de Serpa não pode ser desligado duma estratégia de esvaziamento deste serviço que, há uns meses passou a encerrar à meia-noite, com uma campainha de recurso”, sublinha o Bloco.
Para o BE, o “encerramento da Urgência ameaça tornar-se definitivo e vem sendo tentado sob vários pretextos pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa, alegando que este serviço não é rentável”. Reitera, ainda, o BE, “o regresso à esfera pública do SNS da gestão do Hospital de São Paulo, em Serpa, a exemplo do que já aconteceu em São João da Madeira” e pede ao Ministério da Saúde, ARS Alentejo e ULSBA uma “solução imediata para a Urgência de Serpa no quadro do Serviço Nacional de Saúde”.
Recorde-se que a ARS Alentejo, a ULSBA, a ARS Algarve e a Santa Casa da Misericórdia de Serpa assinaram uma adenda ao Acordo de Cooperação para a Prestação de Cuidados no Hospital de São Paulo, “um acordo que permite mais proximidade na prestação de cuidados de saúde em complementaridade com o Hospital de Beja, em consultas e cirurgia”, em 2018. Em outubro de 2020, o deputado do PCP,. eleito por Beja, questionou a tutela sobre a adenda ao acordo de cooperação entre a Santa Casa da Misericórdia de Serpa e o Estado. O PCP quis saber, entre outros aspetos, "porque não foi aproveitada a oportunidade de reverter o Hospital de São Paulo em Serpa para a esfera da gestão pública, neste caso da administração da ULSBA". Até à data, a Voz da Planície não tem conhecimento de que tenha sido recebida qualquer resposta da tutela.
A Voz da Planície falou com António Sargento, provedor da Misericórdia de Serpa, que explicou os motivos que levaram ao encerramento do serviço de Urgência, confirmando “a existência de um surto de Covid-19, entre utentes e colaboradores,” num total de 20, ou seja “14 doentes infetados, no Piso 1 - Internamento”, assim como “6 colaboradores”.
António Sargento esclareceu que “dadas as circunstâncias, o edifício foi fechado e acionado o plano de contingência”. Revelou que “todos vão ser testados nesta quinta-feira, dia 11” e que “o serviço de Urgência voltará a abrir logo que estejam reunidas as necessárias condições de segurança e que as equipas que prestam serviços sejam reajustadas a esta situação”. Nas palavras de António Sargento, tal pode acontecer “ainda esta semana”.
Recordamos, igualmente, que as denuncias referentes ao encerramento do serviço de Urgência do Hospital de Serpa surgiram em setembro de 2020 e que António Sargento frisou, na altura aos microfones da Voz da Planície, que "enquanto estiver na Santa Casa da Misericórdia isso não acontecerá".
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