“Estamos a estudar e a ver aquilo que é possível fazer”, respondeu a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, ao ser questionada pela agência Lusa sobre se estão previstas novas medidas de apoio contra a seca, em Beja.
A governante realçou que o seu Ministério está a “trabalhar internamente para perceber que outro nível de apoios é que será necessário” adotar para ajudar agricultores e produtores pecuários, admitindo que “a situação é, de facto, muito gravosa”.
Maria do Céu Antunes falava aos jornalistas na sede da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), em Beja, após participar numa reunião de apresentação e discussão sobre a iniciativa “Livro Branco para o Regadio Público”.
Segundo a ministra, com o reconhecimento de seca severa e extrema em cerca de 40 por cento do País, os agricultores passaram a beneficiar de medidas para que “não sejam penalizados nas suas obrigações quando receberem os apoios a que se candidataram”.
“No caso de uma seara que o nível de produtividade faz com que não seja possível fazer a colheita, essa seara pode ser utilizada para a pastorícia” e o agricultor pode invocar a seca para não perder as ajudas a que tinha direito, exemplificou.
A utilização de terras em pousio sem penalização, uma produção de arroz que não atinja um determinado nível mantém os apoios ou a produção de animais em modo biológico ou integrada poderá utilizar alimentos não certificados são outros exemplos.
Questionada pela Lusa sobre se estão a ser equacionados apoios financeiros diretos aos agricultores, a governante respondeu que a tutela “ainda não tem nada preparado”.
Maria do Céu Antunes assinalou que o Governo português tem defendido junto da Comissão Europeia que as ajudas extraordinárias devem advir de “fundos comunitários e não exclusivamente dos orçamentos nacionais”.
“Há uma penalização dos Estados-membros, nomeadamente os que têm menos recursos e orçamentos menores, e isso coloca os nossos agricultores, num mercado que é comum, em desvantagem”, argumentou.
Quanto ao “Livro Branco para o Regadio Público”, a titular da pasta da agricultura indicou que a iniciativa está a ser coordenada pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) com o apoio da EDIA.
“No final de julho, queremos ter o livro branco já alinhavado para o podermos disponibilizar e, depois, estabelecemos um calendário entre três a quatro meses para passar a materializar e hierarquizando aquilo que é necessário fazer”, adiantou.
A ministra revelou ainda também tem pedido a Bruxelas um programa específico para o uso eficiente da água, nomeadamente na agricultura, assinalando que o que foi lançado para o setor da energia teve resultados.
“Também sabemos que hoje a água é absolutamente fundamental. Que consigamos garantir também essa mesma autonomia estratégica para nos dar a possibilidade de produzir mais com menos”, acrescentou.
O Ministério da Agricultura e da Alimentação, tutelado por Maria do Céu Antunes, reconheceu, no dia 08 deste mês, a situação de seca severa e extrema em cerca de 40 por cento do território nacional.
Em comunicado, o ministério garantiu ter sinalizado a situação junto da Comissão Europeia, acrescentando que a adoção de um conjunto de medidas está sempre dependente da “luz verde” de Bruxelas.
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